Esta foi mais uma daquelas semanas intensas com acontecimentos, os mais diversos, capazes de produzir um sem numero de crônicas. O discurso de Obama; a estupidez de Trump; as mortes de Mario Soares e Zygmunt Bauman; o desgoverno de Temer. Tentar ligar estes fatos é o desafio a que me proponho.
Para Bauman, sociólogo e filosofo polonês, autor dentre outros de O amor liquido, as coisas, as relações, não mais são feitas para durarem, tudo é efêmero, estamos sempre em busca de novos desafios, mais modernos, nem sempre, mais atraentes, quem sabe, e, talvez por isto, mais perigosos,mais estimulantes. Esta sociedade liquida não tem lugar para estabilidade, vivemos sempre em busca do instável. Nos dizeres do próprio Bauman: ´vivemos tempos líquidos, nada é para durar´, o que estimula o consumismo desenfreado dos dias de hoje. Estimula, também, a busca estressante e incessante de se conhecer o novo.
Pobre povo americano, quanta diferença entre Obama e Trump! Na sociedade liquida americana troca-se o estadista capaz de pensar em um governo inclusivo, sem fronteiras, de respeito à democracia,integro, que termina o governo sem a macula de qualquer escândalo, em troca de um presidente boquirroto, que dialoga com ofensas, hostilidades e que adora escândalos. Santa e ingênua diferença, se o americano soubesse o que viria seguramente não se liquefaria. Obama ainda se encontra presidente, mas, seguramente, muitos, milhões já sentem a falta dele. Trump ainda não é presidente, mas, por seu turno, muitos, milhões já gostariam de liquefazê-lo.
´Foi bonita a festa, pá, e, ainda guardo renitente um velho cravo para mim´. O ano era 1974, a canção de Chico Buarque mostrava a distancia, tanto mar, que separava Brasil de Portugal. A curta revolução dos Cravos fez emergir um grande líder popular que soube semear a democracia nas terras lusitanas. O desejo líquido da mudança fez com que os portugueses sepultassem a ditadura salazariana e Mario Soares foi a principal figura da modernização e da democracia portuguesa. Foi instrumento de transformação social. Fez desmoronar a pseudo solidez da ditadura e fazer renascer uma democracia liquida e perfumada. Fico a pensar, imaginar, quem sabe, qual na canção de Buarque, quando, aqui nos tristes trópicos, a primavera nos traga algum cheirinho de alecrim.
Resta-nos, por fim, o desgoverno de Temer. Acidente, Temer é um pavoroso acidente, diz-se corajoso, mas teme frequentar até velórios, encontra-se encastelado no autodenominado Planalto do Temer. Não merecíamos, mas, como ensina Bauman, há de ser breve, muito breve, pois, logo, logo, estaremos em busca do efetivamente novo, do novo liquido, da felicidade que se encontra no horizonte, e, eu acrescentaria, seguramente, sem nada a temer.
Tarifaço e Bolsonaro e a pré-campanha de Caiado nas redes sociais
Deu muito o que falar o tarifaço do presidente Donald Trump, acompanhado do apoio ao ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. Nas...