Goiás não pode chorar o leite derramado enquanto Minas cura o queijo. O entreposto da Zona Franca de Manaus ainda é um projeto realizável que pode alavancar a economia de Anápolis e consolidar o Centro-Oeste como a nova fronteira econômica do Brasil. Um negócio de R$1 bilhão por ano e milhares de empregos que poderia transformar a cidade em Capital da Logística e grande centro de distribuição através dos modais de transporte rodoviário, ferroviário e aéreo. Os últimos acontecimentos colocaram Uberlândia em vantagem na disputa pelo entreposto, contudo estamos perdendo este jogo para nós mesmos. Vários indicadores apontam em nossa direção, entre eles a privilegiada localização geográfica no centro do país, os entroncamentos rodoviário e ferroviário, o suporte Base Aérea-Cindacta-Sivam para um futuro aeroporto internacional de cargas e a Plataforma Multimodal praticamente construída, enquanto Uberlândia sequer definiu a sua área.
Ainda assim marchamos com pessimismo a despeito do entusiasmo inicial, quando a primeira missão goiana foi a Manaus, em julho de 2006, composta
pelo deputado Rubens Otoni, pelo secretário Ridoval Chiareloto, pelo Presidente da Acia, Wilson de Oliveira, e pelo superintendente do Porto Seco Centro-Oeste, Edson Tavares. Do encontro com o Secretário de Fazenda do Amazonas surgiu acordo referendado pelo Governador Eduardo Braga: era só Anápolis fazer a lição de casa que o entreposto da Zona Franca seria instalado aqui. No segundo ato, aconteceu em Anápolis a reunião de empresários de logística, donos das oito mil carretas que passam por Goiás transportando produtos da Zona Franca de Manaus. Uma terceira reunião ocorreu na Sefaz, em Goiânia, seguida de outra em Brasília, na CNI, com os governadores de Goiás, Amazonas e Minas Gerais, e da última, em 2008, no Palácio das Esmeraldas, com os governadores de Goiás e Amazonas. De 2006 a 2008, Anápolis mostrou serviço e depois começou a perder espaço para Uberlândia, que na semana passada promoveu o encontro dos governadores de Minas Gerais e do Amazonas para assinar o acordo preliminar de um futuro protocolo de intenções do convênio a ser firmado entre os dois estados. Uma jogada de marketing dos mineiros que pode ser mortal para Goiás se a classe política não se mobilizar neste final de disputa, quase na prorrogação, onde cada lance pode ser decisivo. Como diz o superintendente do Porto Seco Centro-Oeste, Edson Tavares, a liminar em favor do município de Rezende-RJ baixou a água do nosso queixo para a nossa cintura. Ainda nos restam algumas semanas e só uma grande mobilização coordenada pelo governador Alcides Rodrigues Filho e pelo prefeito Antônio Roberto Gomide, com a participação das forças políticas e econômicas de Goiás, pode reverter a situação.
Um contingente respeitável deve ser convocado: três líderes de bancada na Câmara dos Deputados; Vice-Presidente do Congresso Nacional e Presidente da poderosa Comissão de Constituição e Justiça; três senadores da República; 17 deputados federais, entre eles Rubens Otoni, líder de Lula em Goiás; 49 deputados estaduais; Presidente do Banco Central do Brasil, um goiano de Anápolis; Diretor Secretário da CNI, o número dois da confederação, e os representantes das entidades que constituem o Fórum Empresarial de Goiás e o Fórum Empresarial de Anápolis, além de empresários com bala na agulha, como Carlos Alberto Caoa Oliveira Andrade, Presidente da Caoa Hyundai; os irmãos Marco Aurélio e Marcelo Limírio, donos da gigante Neoquímica; presidente da Acia, Ubiratan da Silva Lopes, e da CDL Anápolis, Wilmar Jardim Carvalho. Um grupo que pode virar o jogo se atuar em conjunto, com garra e determinação. O estado está torcendo, mas espera que o time entre em campo.
É imperioso pautar para ontem a “Missão Manaus Urgente”, encabeçada pelas expressivas lideranças de Goiás e um mega encontro posterior em nossos domínios. É o mínimo que podemos fazer para tentar roubar o queijo de Minas. Pela magnitude do projeto, o entreposto da Zona Franca de Manaus é uma prioridade e uma luta de todos nós. Essencialmente da classe política. Especialmente dos meios empresariais.
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