Não se fala em outra coisa… Em qualquer lugar que você frequente, bares, restaurantes, igreja, trabalho o assunto do momento é a gripe A H1N1, que já foi mexicana e suína. Consegue ser mais comentada que as baixarias do Senado. Não me lembro de ter convivido com uma ameaça de pandemia tão próxima de meu alcance. Nunca imaginara que sintomas tão triviais como febre, tosse, dores no corpo pudessem representar um risco tão grave à saúde e, principalmente, à tranquilidade da população. Por fim, subestimei a capacidade de mudança de hábitos que uma doença poderia fazer.
Há alguns meses adquiri o livro “Historia da Humanidade contada pelos vírus” de Stefan Cunha Ujvari, Editora Contexto 2009, que aborda os avanços no conhecimento do DNA obtidos através das doenças que acometem os homens, transformando estes micro-organismos em protagonistas da história, ajudando-nos a compreender toda a nossa trajetória desde os primórdios de nossa existência. Por meio do DNA e RNA desses germes, podemos saber quando e como as epidemias atuais (como a dengue, tuberculose, aids, “gripe do frango”, ebola, hepatite etc.) iniciaram-se de maneira lenta e silenciosa anos e décadas atrás e de que forma elas condicionaram a existência humana, dizimando populações, estimulando conflitos, infectando combatentes, promovendo êxodos, propiciando miscigenação, fortalecendo ou enfraquecendo povos.
Assusta, parece ruim, remete ao medo, mata. No entanto gripes já foram bem piores. No inicio do século passado, mais precisamente em 1918, abrigados em trincheiras, soldados enfrentavam chuva, fome, ratos, inimigos sem rosto, até tiros. Nada porem foi pior que a gripe. Tropas inteiras griparam-se e a doença que no inicio provocava fortes dores de cabeça, febre evoluiu para quadros fatais de pneumonia. Estima-se que a gripe espanhola tenha matado 40 milhões de pessoas, mais que as baixas somadas da primeira e da segunda guerra mundiais.
Claro, óbvio que a gripe atual não tem as características altamente letais das gripes do passado. Porém, elas dimensionam nossa insignificância. Nós que ríamos dos nossos avós quando estes relatavam os perigos de uma gripe seremos chacota de nossos netos quando estes ouvirem o relato do medo que uma gripe causou em todos nós no ano de 2009. Nós que sempre subestimamos os perigos inocentes encarnados em uma simples gripe curvamo-nos, agora, a pequenos microorganismos que atropelam-nos a razão. Saúde!
Passado, presente, futuro!
O ano que chega, como reza a tradição, é um convite à reflexão acerca daquilo que passamos no ano anterior...