A crise política brasileira parece estar longe do fim. As manifestações previstas para o próximo domingo, por mais expressivas que sejam, não serão suficientes para apear a Presidente Dilma do cargo em período de tempo rápido. Colocam, no entanto, mais lenha na fogueira que chamusca Dilma desde os longínquos protestos de maio e junho de 2012.
Muitos em Brasília, neste momento, já não mais discutem a queda de Dilma, mas quem a sucederá. Parece-me uma discussão ainda um pouco açodada. Certo é que a crise política, associada à crise econômica tem tornado os ares de Brasília, das grandes, médias e pequenas cidades, e, até mesmo dos mais distantes grotões cada vez mais nublados.
O governo já não mais aposta em um eventual fracasso das manifestações de 13/03. Antes, acredita que milhões de pessoas deverão sair de suas casas para protestar. Atrás do discurso público quanto ao caráter democrático das manifestações, há o temor quanto à repercussão das mesmas sobre deputados e senadores de Brasília. Se houvesse um mínimo de humildade por parte de Dilma, ela deveria reconhecer que tanto quanto os escândalos escancarados em doses torturantes pela Operação Lava Jato, as muitas lambanças de seu governo aliadas ao verdadeiro estado de inércia de sua administração, são os principais responsáveis pela indignação da população.
Não basta culpar o comportamento parcial da grande mídia, os atropelos jurídicos do Juiz Sergio Moro. O que mais levará as pessoas à rua é o desastre administrativo de Dilma. Um governo que não conversa e não dialoga com a sociedade, recebe desta o desprezo e a revolta, os apupos e a indiferença.
Ruim com Dilma, melhor sem ela? Na hipótese do acatamento pelo Congresso da tese de impeachment, o tempo passa a ser senhor da razão. Se Dilma cair antes de dezembro, Temer assume. Se cair após janeiro de 2017, passados mais da metade de seu triste desgoverno, teremos eleições indiretas no Brasil com a assunção do Presidente da Câmara, hoje Eduardo Cunha, amanhã, com certeza, outro. Se a tese do impeachment não se sustentar, haverá a hipótese de cassação da chapa Dilma/Temer pelo TSE, processo a ser julgado, na melhor das hipóteses, em setembro ou outubro deste ano. Assume, aí, o Presidente da Câmara. Porém, com a realização de novas eleições em 90 dias.
Importante salientar que a revolta com Dilma haverá de contaminar políticos da oposição. As pesquisas de intenção de voto apontam um descrédito, também, em relação aos principais nomes da oposição. E, isto poderá permitir o aparecimento de outsiders da política, tais como no passado tivemos Jânio Quadros, a dolorosa experiência da ditadura militar e a aventura espalhafatosa de Collor.
O pedido de prisão de Lula, pelo MP de São Paulo, a respeito da suposta propriedade do triplex do Guarujá poderá radicalizar, ainda mais, o já conturbado ambiente político.
Um novo Brasil poderá emergir do dia 13/03, não necessariamente o Brasil dos sonhos de todos os brasileiros.
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