O Brasil está parado. Todo mundo quer mesmo é ver quem será o vencedor do Big Brother, o “grande irmão”, programa que, há anos, virou mania nacional e que, atualmente, tem ocupado a maior parte do tempo, o maior espaço nos veículos de comunicação e o maior motivo de discussões em todo o território nacional. Embora seja um programa da Rede Globo, Big Brother é presença e motivo obrigatórios na programação dos demais veículos, inclusive dos concorrentes mais próximos. Gerando, inclusive, ídolos nacionais. E que ídolos… Coisa impressionante!
Nada contra a opção de lazer e diversão dos brasileiros. O que intriga é ver o quanto a curiosidade, o interesse pela vida alheia, principalmente o gosto pelos comportamentos atípicos chamam a atenção da comunidade. Todo mundo quer saber mesmo é quem está ficando com quem; quem vai se relacionar com quem e, qual será a próxima das concorrentes a tirar a roupa para revistas masculinas. Êta Brasil…
Ironias à parte, os brasileiros (não são todos, felizmente) estão ficando alienados, presos, cada vez mais, a comportamentos que nada contribuem, nada edificam, nada oferecem de positivo para a sociedade. Falso moralismo à parte, viraram, de vez, escravos de programações esdrúxulas, onde o normal é não ser normal; onde vale tudo, onde ninguém é de ninguém. Uma pena. Não estamos discutindo problemas sociais, não estamos interessados no custo de vida, na qualidade do ensino, nas condições de segurança pública e, muito menos, no dia de amanhã.
Entende-se que os cidadãos tenham o direito de ligar e desligar a televisão quando e como bem quiserem. Afinal de contas, vivemos em uma nação livre, democrática, graças a Deus. Acontece que não temos sabido medir, avaliar, aquilatar o mal que estamos fazendo a nós mesmos. Enterramos a cabeça na areia (na televisão), como o avestruz faz quando alguma coisa o incomoda, sem noção do que estamos perdendo, quando deixamos de discutir, de trabalhar o cotidiano em busca de um país mais democrático, mais honesto e mais ético.
Talvez seja por isso, e por outras coisas mais, que estejamos assistindo, indiferentes, os deputados dobrarem seus salários, sem ao menos nos indignarmos. As CPI‘s virando enormes e suculentas pizzas; os escândalos se multiplicando, as pessoas morrendo pela nova modalidade criminológica: bala perdida. Sem contar a infinidade de escândalos que surgem, todo dia, nas instituições públicas, sem punição para os culpados, ou melhor, sem culpados formais. As crianças sendo assassinadas no meio da rua, uma geração perdida por conta da má qualidade de vida oferecida a todos nós.
A tábua de salvação, por enquanto, tem sido o Big Brother. Já que as coisas não melhoram, a população se consola bisbilhotando, espionando, debatendo como causas nacionais, um bando de teleguiados, bonecos contratados para fazerem o hipnotismo social, ou, quem sabe, a anestesia sociológica de toda uma nação. E, assim será, até o BBB de número 8, daqui a um ano, ou dois. É a vida, é o Brasil.
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