9 de novembro de 1976, dia em que Anápolis tomou um novo rumo na encruzilhada da história. Uma data que deve ser lembrada como o marco da era industrial, quando o crescimento vertiginoso de Goiânia e Brasília estagnava a sua economia. A partir dos anos 30, com a chegada da estrada de ferro, a cidade experimentou décadas de desenvolvimento e depois de ser o maior fornecedor de bens e serviços para a construção das duas capitais, assistia a ameaça de decadência, com muitos títulos (Manchester Goiana, Capital do Arroz e Capital Econômica do Estado de Goiás), mas sem perspectivas de desenvolvimento. Anápolis vivia do passado. O futuro da cidade foi decidido naquele dia, quando o presidente Ernesto Geisel inaugurou o Distrito Agroindustrial de Anápolis.
Na sede da Acia, quartel-general da festa, em debate a manchete do CORREIO BRAZILEINSE: “Estão Enganando o Presidente”. Diretor da sucursal do jornal em Goiás, editei a matéria na noite anterior e num dia de corre-corre muitos viram só o título e sugeriram a minha expulsão da diretoria da entidade. Aconselhado por Sultan Faluh, presidente da Goiasindustrial, estatal que construiu o Daia, no Governo Irapuan Costa Júnior, noticiei que o governador Elmo Serejo Farias estava industrializando Brasília, “nas barbas Presidente”, quando a orientação era fomentar um pólo industrial fora do DF para preservar a Capital Federal como centro administrativo. Naquele dia, o homem que cognominei como o Pai do Daia, também deve ter lido apenas a manchete porque não estava de cara boa quando me aproximei dele minutos antes do discurso do Presidente. Geisel não leu só a manchete (em Brasília, até o Presidente da República lê o CORREIO BRAZILIENSE). Ao inaugurar o Daia ele garantia o seu apoio ao projeto e ressaltou a bravura dos anapolinos em seu protesto contra a industrialização de Brasília. Só faltou proclamar que não seria mais enganado pelo Governador de Brasília.
33 anos depois, com quase 200 indústrias e gerando mais de 10 mil empregos, o Daia é o maior complexo industrial do Centro Oeste Brasileiro, indutor da nova e promissora fase econômica que Anápolis experimenta, tomando forma e força de cidade cosmopolita e de centro de distribuição nacional, com perspectivas de ser uma cidade global. Se homens como Sultan Faluh e tantos outros não houvessem plantado a semente da industrialização, naquele período crítico de nossa economia, talvez Geisel não tivesse vindo aqui para inaugurar o Daia e desestimular a instalação de indústrias em Brasília.
O Daia é filho da vocação de progresso de um povo. Obra de todos nós, inclusive do jornalista reacionário, quase vilão, que foi salvo pelo discurso do Presidente na festa do dia 9 de novembro de 1976. Sultan Faluh – o Pai do Daia – é destaque na galeria dos vanguardeiros que acreditaram na industrialização e lutaram para Anápolis não tomar a contra mão da história.
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