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Um semáforo, algumas lembranças e a vida

de Fernanda Coelho
30 de dezembro de 2011
em Opinião
Reading Time: 2 mins read
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Escrever é algo realmente curioso: você passa dias procurando um motivo e ele te encontra, assim, de graça, num semáforo, enquanto dirige para buscar a mãe no trabalho. Ou seja: os motivos para escrever estão onde menos se espera. E foi o que ocorreu hoje. O gatilho dessa crônica é – pasmem – uma fonte luminosa. Não uma fonte qualquer: a situada na praça que hoje leva o nome de Deputado Abílio Wolney, mas que há alguns anos (não entremos em detalhes) recebia a alcunha despretensiosa de Praça do Ancião.

Recordei-me, nesse pequeno momento entre a luz vermelha e a verde, das tardes gastas andando de patins na praça. Lembrei-me da sombra, das árvores e do algodão doce aos domingos. Relembrei a estátua austera e – de alguma maneira – frágil do ancião no centro da praça e os leões localizados em outro ponto, de cujas bocas deveria saltar água, mas que a bem da verdade só serviam para me assustar. Revivi a sensação infantil de descoberta e de liberdade, de estar em um dos melhores lugares do mundo. E quase pude ver novamente uma das imagens que eu sempre supus ser o retrato do bom entendimento entre cônjuges: minha mãe deitada no banco da praça, com a cabeça no colo do meu pai, resolvendo palavras cruzadas, enquanto ele prestava atenção a ela, às letras, aos filhos e distraidamente fazia um cafuné.

E pensei sobre as missas de domingo, depois das quais a pipoca nos aguardava; sobre a macarronada com queijo ralado e o refrigerante caçulinha; sobre as vezes em que brincamos de baralho, chicote queimado ou qualquer outro jogo com meus pais. E dei-me conta de que embora nossa infância não tenha sido luxuosa, foi confortável. Tivemos anos pródigos em amor, em uma convivência próxima e acolhedora, em uma sensação ímpar de pertencer, de ser aceito pelo que se é. Tivemos, eu e meus irmãos, uma criação baseada em verdade e respeito, em coisas que não se passa por método diferente da experiência (no sentido de experimentar, mesmo).

Refleti, nesse pequeno instante, entre o trocar de luzes, sobre o quanto essas coisas foram determinantes para que eu seja quem sou – como ser humano, mãe, profissional e (por que não?) escritora. E cheguei à obvia e feliz conclusão de que meus passos foram guiados por sorte e amor, livre de alguns percalços, vítima e agente de outros.

Foi quando aconteceu algo que me faz muito feliz: senti-me absolutamente grata por minha vida e pelo amontoado de acontecimentos que sou. Senti gratidão pela minha história, por meu aprendizado e pelos dias que ainda virão. Sorri, desejei sinceramente que todas as crianças possam ter uma infância como a minha, vi a luz verde no semáforo, engatei a primeira marcha e segui a vida. Tudo como deve ser.

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