Artigo publicado, recentemente, no Jornal “O Estado de São Paulo” traz uma preocupação que não é de agora, mas que chama a todos nós para reflexões mais profundas. A matéria cobra dos políticos, principalmente dos candidatos à Presidência da República, menos retórica e mais ação no combate à fome. Por certo o texto exprime o que muita gente gostaria de expressar, ou seja, gritar contra o atual estado de coisas. De nada adianta estarmos entre os maiores produtores de alimentos no mundo, se nossos irmãos estão morrendo de fome. Literalmente. E, a coisa só não está pior, por conta de projetos não governamentais e, justiça seja feita, por algumas providenciais iniciativas oficiais que minimizam o drama vivido por milhões de famílias por este gigante Brasil.
Sabe-se que a fome é um problema para mais de 33 milhões de pessoas no País, o que vale dizer que 15,5% da população nacional não têm acesso à alimentação regular. Esses dados foram levantados pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, por meio do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado no ano de 2022. O número de pessoas sem ter o que comer aumentou significativamente no Brasil nas últimas duas décadas, especialmente quando se leva em conta que a parcela da população convivendo com a fome havia caído de 9,5% no início do presente século para 4,2% em 2013.
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A história mostra que, em função disso, no ano de 2014, o Brasil foi retirado do Mapa da Fome, que é elaborado e atualizado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Fatores de ordem conjuntural, entretanto, fizeram com que a fome no país aumentasse, mais uma vez e chegasse, então, ao cenário atual. Em números relativos, é na região Norte onde o problema da fome incide de com mais gravidade e acomete 25,7% das famílias. A segunda região mais afetada é o Nordeste, onde 21% das famílias convivem, diariamente, com essa condição.
Para nós goianos e, especialmente, anapolinos, a notícia é um pouco melhor. O Centro-Oeste é a região do Brasil com o menor número de pessoas acometidas pela fome: 2,15 milhões. No Norte e no Sul, os números são respectivamente de 4,85 milhões e três milhões de pessoas. Por ironia, a incidência da fome é maior na população rural do que na população das cidades. E, saber que o alimento é produzido na área rural.
Todo mundo sabe que a fome é a maior inimiga do homem depois da doença. Um pai de família desempregado, sem ter como levar comida para a mesa dos filhos, é capaz de tudo. Tudo mesmo. Então, passou-se da hora de a sociedade brasileira acordar para isto. Temos um país rico e abençoado, com terras férteis e abundantes, temos muita água, clima propício para a produção agropecuária, temos um povo trabalhador. Falta, talvez, quem sabe, políticos comprometidos e compromissados em se empenharem na logística de fazer chegarem arroz e feijão nos pratos de todos os brasileiros, pelo menos, duas vezes por dia. Milhões de compatriotas nossos, ainda, não desfrutam desse mínimo de dignidade.