Ninguém deseja isso, mas, o Brasil está a caminho de uma tragédia social, que atende pelo nome de fome. Isto mesmo: falta de comida no prato. Não há qualquer exagero, pois os números do próprio Governo Federal apontam para isto. Organizações não governamentais, também, se debruçam sobre o assunto e emitem diagnósticos nada animadores.
A fome mata. Devagar, cruel e impiedosamente. Mata aos poucos, silenciosamente.
O mais recente levantamento da Oxfam – Oxford Committe for Famine Relief – (Comitê de Oxford para Alívio da Fome) mostra que a fome no Brasil, e, no mundo, pode matar 11 pessoas a cada minuto até o final deste ano, no planeta, caso nada seja feito. E assegura que o Brasil está entre os focos emergentes de fome, ao lado da Índia e da África do Sul.
No Brasil, ironicamente, um dos maiores produtores de alimentos do mundo, há quase 20 milhões de pessoas passando fome, segundo dados do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar. E, a extrema pobreza quase que triplicou, pois, passou de 4,5% da população para 12,8%.
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Mas, a situação pode ficar mais dramática, ainda, com o fim do Auxílio Emergencial. Isto deve deixar mais de 22 milhões de brasileiros sem qualquer ajuda do Poder Público, já nos próximos dias. Muitos dos beneficiários do Auxílio Emergencial não serão contemplados pelo Auxílio Brasil, programa criado para substituir o Bolsa Família.
Dentre esses 22 milhões de brasileiros, estão mais de 13 milhões de desempregados. Mas, há, também, crianças, idosos, pessoas enfermas e outros excluídos que, sequer, entram nas estatísticas oficiais. São como se não existissem. Mas, eles existem, são nossos irmãos os quais devemos (se quisermos e pudermos) ajudar de uma maneira, ou, de outra.
O quadro é preocupante nas grandes, médias e pequenas cidades. Governadores de estados e prefeitos anteveem catástrofes sociais, pois um povo faminto fica sem controle. E, povo sem controle é uma ameaça constante.
Dias atrás, o ministro da Cidadania, João Roma, anunciou que o Auxílio Emergencial acabaria em outubro e não seria prorrogado. Já o Bolsa Família deixa de existir em novembro, quando deverá entrar em vigor o Auxílio Brasil, que, segundo o Governo, vai pagar um valor de, pelo menos, 400 reais mensais aos beneficiários até o final de 2022.