Enquanto o governo enfrenta uma crise política no ministério da Saúde e prefeitos, governadores e presidente travam uma guerra ideológica em torno de qual seria a melhor forma de controlar o vírus, a doença mostra que todos estão errados ao acentuar o índice de mortes e contaminações a ponto de colocar o Brasil entre os primeiros colocados, tanto em número de infectados quanto em número de mortos.
No momento, o país já registra 310 mil testes positivos para a COVID-19. Valor inferior apenas aos dos Estados Unidos, com 1,7 milhão e a Rússia, com 320 mil. E, ao ritmo de 18 mil novos positivos por dia, pode rapidamente assumir a pole. A frequência de mortes diárias por aqui já ultrapassa a de 1 mil pessoas, somando até agora 21 mil óbitos. É o quarto maior valor entre os países que enfrentam a pandemia, perdendo apenas para os Estados Unidos, com 95 mil mortos; o Reino Unido, com 37 mil e a Espanha, com 27 mil.
O mais impressionante é a aceleração da curva. O Brasil registrou o marco de 10 mil mortes no dia 9. O número dobrou em 12 dias. Antes disso, o marco de 5 mil mortes foi em 28 de abril, e o tempo para alcançar os 10 mil foi de 11 dias. Sem previsão para atingir o tão esperado “pico”, os chefes dos estados e os representantes dos poderes executivo e legislativo na esfera federal sinalizaram uma trégua política em prol da solução do maior problema já enfrentado por essa geração durante uma reunião feita por vídeoconferência.
O presidente Jair Bolsonaro pediu a compreensão dos governadores quanto ao veto ao aumento de salário dos servidores, cujo projeto de lei tramita no congresso. Em contrapartida, os governadores cobraram do presidente ajuda financeira para socorrer os estados que já sofrem com a crise econômica gerada pelo isolamento social. Entretanto o clima foi amistoso o suficiente para permitir uma reaproximação entre Bolsonaro e e João Dória, de São Paulo. A trégua deve permitir que soluções possam fluir sem que um boicote o outro por pensar diferente.