Por Wesley Oliveira
Não diferente daquilo que podemos notar em pelo menos as duas últimas décadas, esta semana novamente foi criada uma polêmica envolvendo questões que tratam de pontos entendidos como machismo, discriminação ou como queiram chamar aquilo que se prega por aí como bulling.
A grande mídia levantou no fim de semana um tema curioso, mas que talvez pela cultura, e aí não apenas brasileira, se tornou algo comum entre nós. Tão comum, que muitas vezes acontece sem que percebamos.
O ponto de discussão agora é sobre quantas vezes os homens interrompem as mulheres quando elas estão falando, ou como disse a ministra do STF Cármen Lúcia, “na verdade a gente nem fala pois vocês homens não deixam”, se referindo aos colegas de toga durante uma sessão do tribunal.
Com o surgimento do tema, basta pensarmos alguns minutos como foram as nossas últimas reuniões onde havia a participação feminina, ou mesmo naquela conversa despretensiosa entre amigos e colegas. Sem mesmo necessitar de qualquer esforço, vamos descobrir que sim, isso acontece o tempo todo. E tanto para elas quanto para nós, não soa como problema. Basta no máximo um “desculpe te interromper” e pronto.
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A partir daí está dada outra direção à conversa sem que elas tivessem a oportunidade de concluir o pensamento. Que pena. Trágica condição de desigualdade instituída entre as pessoas, sem mesmo se preocupar até que ponto esse tipo de iniciativa impediu o crescimento delas, seja no local de trabalho, ou mesmo no conceito de conhecimento sobre o tema que gostariam de ter.
Talvez uma das frases adotadas pela professora e médica italiana Maria Montessori lá pelos idos de 1890 ainda hoje possa encaixar bem nesta discussão. Por vezes ela dizia: “Ajude-me a fazer sozinha”.
Nas frequentes intervenções em atos pela igualmente do sexo feminino ao masculino, ela sempre buscou com o vasto conhecimento de causa na educação de pessoas com deficiência mental, mostrar que elas, do jeito delas, também conseguem fazer; desde que ensinadas por alguém. Portanto, se ainda hoje essa igualdade para o sexo feminino não pôde ser reconhecida por alguns, talvez, possamos com base no jeito que Maria Montessori tratou as duas causas que marcaram o legado dela ao mundo, ensinar aos homens que continuam a ‘atropelar’ na conversa as mulheres, que eles precisam ao invés de falar e querer dizer que sabem mais, deixa-las mostram que depois de 130 anos escritos por Montessori, elas já não precisam pedir ajuda para fazerem sozinhas, afinal, já mostraram que sabem e pode mais do que grande parte destes mesmos que ainda insistem em tomar a palavra, muitas vezes, para esconder incapacidade.