Virou bordão a frase de que “tudo começa, ou, tudo acaba em Anápolis”. Verdade ou mito, coincidência, ou, não, muito disso tem certo fundamento. Antes mesmo da oficialização como cidade, no longínquo ano de 1907, data oficial de sua emancipação, Anápolis tem sido palco da transformação que se observou com o processo de interiorização do Brasil. Ao completar 115 anos, Anápolis esnoba jovialidade. Ainda, nos tempos da Província de Goiás, gente que ia (ou, que voltava) para a então Capital do Estado, hoje Cidade de Goiás, dentre outros pontos acolhedores, optava por Anápolis. Era às margens do Ribeirão Antas que os tropeiros, em grande quantidade, se acampavam. Por certo, para desfrutarem do clima agradável, da fartura de água e da facilidade em adquirirem gêneros alimentícios nas fazendas que por aqui já existiam.
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Mais tarde, na década de 30, quando se optou pela chamada “Marcha Para o Oeste”, a vinda da Estrada de Ferro, mais uma vez, Anápolis se apresentou como ponto nevrálgico para a logística de então. Mesmo com a manobra política que se observou, na pretensão de se desviar a rota de Anápolis e, assim, se dar força ao projeto de mudança da Capital para onde hoje está Goiânia, manteve-se a ideia de trazer o trem de ferro até Anápolis. E, isto foi altamente fundamental anos depois, porque, com a obra extraordinária de Juscelino Kubitscheck de Oliveira, com a fundação de Brasília, Anápolis exerceu papel importantíssimo por ser o terminal da ferrovia que trazia a maior parte do material de construção para se edificar a “Capital da Esperança”, como era chamada Brasília. Não fosse a ferrovia com ponto final em Anápolis, as coisas seriam mais difíceis.
Anos antes, com a concepção de Goiânia, falava-se que Anápolis iria “morrer” sufocada pelo volume de investimentos na nova cidade. Qual nada… Anápolis, além de sobreviver, ainda colaborou, e, muito, para o projeto. Foi de Anápolis que saiu a maior parte do material de construção tijolos, telhas, manilhas etc.) e de trabalhadores para as obras tocadas por Pedro Ludovico. Quando veio Brasília, nos anos 60, outra tese de que
Anápolis seria uma cidade dormitório prensada entre duas capitais (Goiânia e Brasília). Outra vez, erraram e Anápolis foi fundamental, de novo. De lá para cá, isto tem se repetido.
Foi assim quando se pensou em um núcleo para a segurança do espaço aéreo nacional: veio a Base Aérea; foi assim quando pensou-se em um núcleo industrial de grande porte: veio o DAIA; foi assim quando pensou-se um centro educacional superior: veio a UEG; foi assim quando criou-se a proposta dos medicamentos genéricos: vieram as grandes indústrias do setor; foi assim quando precisou-se de uma cidade para abrigar os brasileiros vítimas da covid-19 na China: Anápolis os acolheu. Foi assim quando se pensou em um centro logístico para a economia: estão aí a Ferrovia Norte Sul, a Ferrovia Centro Atlântica, o Aeroporto de Cargas e a Plataforma Multimodal, dentre outros atributos anapolinos. E, pensar que Anápolis só tem 115 anos de emancipação. Nem dá para imaginar o que está pela frente. Parabéns, mais uma vez a esta grande cidade.