Tema é objetivo da campanha Agosto Dourado, que tem por finalidade conscientizar as pessoas dos benefícios imediatos e posteriores desse ato de amor
O Agosto Dourado chegou e junto o debate sobre a importância da amamentação para a saúde e desenvolvimento da criança. De acordo com o presidente da APAE Anápolis, Vander Lúcio Barbosa, o tema é de extrema relevância e é objeto de campanha constante dentro da instituição.
“Trata-se de um assunto transdisciplinar, ou seja, tratado dentro de todos os trabalhos realizados dentro da APAE Anápolis junto às famílias dos pacientes, a maioria deles, bebês e crianças”, disse ele.

Para Vander, a amamentação é responsabilidade de todos. “A mulher precisa ser apoiada pelo companheiro, pela família, pelos profissionais da saúde que forem atendê-la, por toda sua rede de saúde. É um momento único na vida da mulher, que precisa do incentivo de todos ao seu redor, pois nem sempre é fácil amamentar”, ressaltou.
O presidente declarou que a APAE Anápolis dispõe de uma equipe multidisciplinar que avalia todas as situações que impactam diretamente os recém nascido. Entre elas está a orientação sobre a forma correta e o tempo adequado para o fornecimento do leite materno.
Daí a necessidade de se esclarecer e debater vertentes como o direito das gestantes em tempos de pandemia, licença maternidade, redução de carga horária ou intervalo para amamentar no retorno ao trabalho, licença paternidade, amamentação de mães com covid-19 e amamentação continuada após os dois anos de vida, além do direito de amamentar em qualquer lugar público.
“A mulher que amamenta seu filho se sente mais segura, por exemplo, até para ir trabalhar, pois a chance de esse bebê adoecer é menor. Então, todos saem ganhando: empresas, família e comunidade”, completa.
Orientação profissional
Entre os profissionais capacitados para tal está o pediatra Arnaldo Teixeira, antigo colaborador da APAE Anápolis e bastante conhecido na cidade. Segundo ele, os benefícios da amamentação, tanto para a mãe quanto para o filho são enormes, em relação à alimentação feita de maneira artificial.
“Por isso a necessidade de se criar um mês inteiro para disseminar essas informações, já que o Brasil ainda não tem os índices adequados no que diz respeito ao tema”, revelou o médico. Apesar do crescimento dos indicadores de aleitamento materno no Brasil, dados do relatório preliminar do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), do Ministério da Saúde, apontam que menos da metade (45,7%) das crianças menores de seis meses de idade recebe a amamentação exclusiva. Já a prevalência de aleitamento materno continuado aos 12 meses (crianças de 12 a 15 meses) foi de 53,1%. O estudo avaliou 14.505 crianças brasileiras menores de cinco anos entre fevereiro de 2019 e março de 2020.
Segundo o pediatra, “Desromantizar a amamentação é necessário, pois amamentar não é simples e nem sempre natural”, destacou. “A mulher precisa de orientação adequada e uma boa rede de apoio, e todos nós precisamos ter empatia com a situação de cada mãe. Eu quero que mais mães amamentem, e o impacto do marketing de produtos pode atrapalhar, pois essa mulher está sensível”.

Arnaldo também abordou a importância de os profissionais de saúde apoiarem a amamentação e não fazerem publicidade de produtos como fórmulas infantis, chupetas e mamadeiras, pois ter isso dentro de um consultório, disse, pode influenciar diretamente as mães que buscam auxílio, tendo em vista que a amamentação não é um processo tão fácil.
Em compensação, para aquelas que conseguem, os benefícios são vários. Crianças amamentadas têm menos alergias, infecções, diarreias, doenças respiratórias e otites, além de menores chances de desenvolver obesidade e diabetes tipo 2. Elas também alcançam melhor desempenho em testes de inteligência e se transformam em adultos mais saudáveis e produtivos. O leite materno é o alimento mais completo para o bebê e tem tudo que ele precisa para se desenvolver de forma saudável até os seis meses de vida. A partir dos seis meses, a orientação é para que o bebê continue mamando até os dois anos ou mais e seja introduzida a alimentação complementar saudável. 15 mortalidade
Arnaldo explica ainda que o ato de sugar é responsável pelo completo desenvolvimento da musculatura e dos ossos da face e tem impacto direto na dentição, proporcionando um arranjo maxilar simétrico e alinhado.
“Mas não é só isso. As mães também experimentam ganhos diversos. Entre eles a redução considerável de chance de desenvolverem câncer de mama e o rápido retorno do útero ao seu tamanho original, uma vez que ele se contrai toda vez que elas oferecem o peito, diminuíndo a possibilidade de sangramento nos primeiros dias”, relata o pediatra. Por último, ele cita um dado da OMS – Organização Mundial da Saúde, que diz que a amamentação correta é responsável direta pela diminuição em 15% da mortalidade infantil, seja por qualquer causa. “Fora o ganho psicológico que ambos terão com esse contato físico durante o processo”, finaliza.
Amamentação na pandemia
O Ministério da Saúde recomenda a manutenção da amamentação durante a pandemia. A orientação leva em consideração os benefícios para a saúde da criança e mulher. A ausência de constatações científicas significativas sobre a transmissão do coronavírus por meio do leite materno; e por não ter recomendação para a suspensão do aleitamento materno na transmissão de outros vírus respiratórios. Nestes casos, a amamentação deve ocorrer desde que a mãe deseje e esteja em condições clínicas adequadas para fazê-lo.
Legenda: O pediatra Arnaldo Teixeira diz que os benefícios, tanto para a mãe, quanto para o bebê são tantos que realmente merecem um mês de destaque na conscientização da população.