Além da vacina de Oxford, Instituto Butantan entra na fase 3 de testes da CoronaVac
Ana Rita Noronha
As pesquisas sobre as vacinas contra o coronavírus estão a todo o vapor. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem no mundo todo 160 iniciativas para desenvolvê-la, duas delas em estágio avançado.
Em 2 de junho, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o estudo clínico no Brasil da ChAdOx1 nCov-19, nome técnico da vacina de Oxford.
O recrutamento de voluntários para testes da imunização está em andamento no Brasil desde o fim de junho. Ao todo 5 mil pessoas participarão da fase de testagem no país.
Segundo o diretor do renomado Centro Brasileiro de Pesquisa Biomédica, Dimas Covas, o Brasil terá acesso a 60 milhões de unidades de vacina se os testes forem bem sucedidos.
Resultados
O fim dos testes clínicos está agendado para setembro de 2021, mas a eficácia da vacina já poderá ser prognosticada através de resultados preliminares.
“Se os testes em voluntários forem finalizados até outubro, podemos concluir os resultados sobre a eficácia até o fim do ano. Isso significa que poderíamos começar a usar a vacina no início do ano que vem.”, declarou Covas à imprensa brasileira.
Em um primeiro momento, o governo brasileiro se comprometeu a adquirir, antes mesmo da comprovação da eficácia da vacina, 30,4 milhões de doses – 15% do necessário para a população brasileira. Metade será entregue até dezembro de 2020 e a outra parte em janeiro de 2021.
Tecnologia segura
Outra vacina candidata contra a covid-19, em estágio avançado de desenvolvimento, será submetida a estudos clínicos no Brasil a partir de 20 de julho.
O Instituto Butantan, de São Paulo, coordenará os testes da fase 3 da CoronaVac, da farmacêutica chinesa Sinovac Biotech. A condução da pesquisa fora aprovada pela Anvisa e pelo Conep no início de julho.
As raízes desta vacina remontam ao início do século 21, quando um novo tipo de coronavírus emergiu e se alastrou por 26 países. Diante daquele contexto, a Sinovac passou a desenvolver uma vacina de vírus inativado contra o Sars em 2004.
Com apoio da OMS, a pesquisa avançou até a primeira fase do estudo clínico. Porém, a epidemia foi controlada. Mas os esforços não foram em vão. A pesquisa e o conhecimento adquiridos serviram de base para o desenvolvimento de uma vacina contra a doença do Sars-CoV-2.
O recrutamento de voluntários pelo Butantan teve início na última terça-feira, 14 de julho. O objetivo é vacinar 9 mil pessoas em cinco estados e no Distrito Federal, com foco em profissionais de saúde que tenham atendido pacientes diagnosticados com covid-19.
Entre os demais critérios, o candidato não pode ter contraído a doença, participar de outros estudos de vacinas candidatas, ser portador de doenças crônicas ou fazer uso de medicamentos que modifiquem a resposta imune. Já as mulheres não podem estar grávidas, nem planejar gravidez para os próximos três meses.