Por Rebeca Romero
O 21 de setembro é um dia de grande importância para aqueles que lutam por uma sociedade mais igualitária, com menos preconceito e mais acessibilidade. Por ocasião de um Decreto lei de 2005 esta data foi instituída como o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência e representa um verdadeiro marco na busca por mais dignidade e respeito para pessoas que possuem algum tipo de deficiência. Apesar de existir oficialmente no Brasil a menos de duas décadas, já em 1985 eram realizadas ações com este intuito por aqui e desde 1992 existe o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e celebrado no dia 3 de dezembro.
É incrível pensar que a Humanidade, apesar de todo o seu desenvolvimento, de todo o seu avanço tecnológico, artístico e filosófico, e de tantas pessoas que cultivam o bem por onde passam, ainda seja um local tão hostil para aqueles que possuem alguma limitação, seja ela qual for. A vida de uma pessoa portadora de algum tipo de deficiência não é fácil. Não fosse apenas a falta de acessibilidade, essas pessoas têm também que lidar diariamente com o preconceito e a ignorância de uma sociedade que mais exclui do que agrega. É por isso que é tão importante participar das discussões e atividades que celebram uma data tão marcante. Este objetivo, o de fazer do mundo um lugar acessível a todos, deveria ser uma bandeira levantada por todos os líderes, em todas as camadas e grupos sociais.
É claro o tempo trouxe avanços significativos neste campo. A própria criação de cotas em concursos públicos para portadores de deficiência mostra o comprometimento do Estado em mudar esta realidade. Outro exemplo disso é a tendência de um planejamento urbano que valorize a acessibilidade. São apenas alguns exemplos de como, aos poucos, o mundo vai se adaptando e inserindo estes indivíduos que nem sempre conseguem ter acesso às mesmas condições que a maioria das pessoas.
Vale, contudo, ressaltar aquilo que é realmente necessário e urgente: uma mudança de pensamento. A coletividade, a sociedade em geral, precisa parar de enxergar e tratar estas pessoas como se não fossem normais. Cada ser humano é diferente e é uma unidade em si. Cada pessoa tem suas particularidades, suas limitações (sejam elas físicas ou não), mas aquilo que realmente as torna iguais é sua dignidade, sua condição de seres humanos por natureza, o grande valor que têm simplesmente por existirem. Um portador de necessidades especiais não é diferente desse e ainda vive uma luta diária contra o mundo ao seu redor que, como já disse, muitas vezes é hostil e precisamos abrir os olhos para que não sejam deixados de lado.
Para finalizar, queria deixar por aqui uma reflexão. Por muito tempo se lutou por igualdade de condições, de oportunidades, de acesso. Mas situações como esta, que motivaram a necessidade da existência de um Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, não mostrariam que o que falta mesmo no mundo é a equidade, que trata os iguais, de acordo com a sua igualdade e os desiguais, na medida de sua desigualdade? Que não somente no dia 21 de setembro, mas, em todos os dias do calendário, todos possamos nos motivar na luta pela construção de uma sociedade mais inclusiva, onde todos venhamos viver de forma igualitária e sem preconceitos.