O mês de março se inicia e inicia também uma reflexão muito importante para nossa sociedade, mas pouco discutida, pensada e com poucas práticas reais para mudança de realidade. É o chamado mês das mulheres. O mês de março é marcado pelas comemorações e homenagens às mulheres. Tal costume se deu em razão do dia 08 de março, uma data internacional que não tem origem no comércio, e sim em uma luta histórica, uma luta de operárias, que lutaram por melhores condições de trabalho e foram incendiadas dentro de uma fábrica têxtil na cidade de Nova York em 1911.
Naquela ocasião, 130 operárias foram carbonizadas. Isso demonstra que nossas lutas por igualdade de gênero nunca foram fáceis. Atualmente, representamos mais da metade da população, mas nossa representação política é ínfima. Somos mais numerosas nas escolas, mas não nos cargos de alto escalão. Somos maiores em números de empreendedorismos, mas temos mais dificuldades de permanecer na atividade. E qual a razão de tudo isso? O que podemos fazer para mudar a realidade?
Sororidade vem da palavra Sóror (modo de tratamento dado a Freiras/irmãs) e significa irmandade. Podemos enxergar como uma ética das mulheres para combater uma ideia tão inserida em nossa cultura, como a rivalidade “natural” entre mulheres. Esse pensamento de rivalidade é uma prática do sistema de dominação e opressão de gênero que deseja, por razões óbvias, “separar para dominar”. Esse modus operandi, transmitido culturalmente a nós mulheres por gerações, gera abusos diversos. Um dos maiores prejuízos é a nossa desunião.
Uma das consequências dessa prática é a nossa falta de unidade. Por reflexo, ocorre a falta de representação política e, assim, a deficiência de políticas públicas pensadas efetivamente por mulheres e para mulheres, o que nos deixa à margem do sistema político vigente. Existem pesquisas que provam que as mulheres nos cargos de poder, em especial na política, implementam mais projetos nas áreas de saúde e educação e têm um índice menor de corrupção.
Sororidade. A palavra é meio difícil, mas na prática significa estarmos unidas, confiando umas nas outras. É a confiança de que termos mulheres nos representando. Fazer disso uma escolha é uma ação que pode mudar a nossa realidade social. A inserção das mulheres na política é uma revolução num mundo em que uma metade é formada por mulheres e a outra por filhos delas. Temos que lutar pela inauguração de um novo contexto social de união e confiança, quebrando esse status quo de rivalidade com novas práticas. Democracia só é de fato democrática se todos os gêneros estiverem efetivamente representados.
Andreia Rezende de Faria é advogada formada em Direito pela UniEVANGÉLICA e especialista em Direito Civil. Superintendente da Saúde e da Mulher na Caixa de Assistência dos Advogados de Goiás (CASAG)