Livro “O Púlpito”, da jornalista Anna Virginia Balloussier, traça uma narrativa complexa sobre o crescimento das igrejas evangélicas no Brasil
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Longe de ser um fenômeno monolítico, a ascensão dessas igrejas é caracterizada por uma complexidade intrigante, refletindo-se em mudanças sociais, comportamentais e econômicas.
Balloussier, que há mais de uma década cobre as relações entre o movimento evangélico e a política, desafia estereótipos ao destacar a diversidade e as transformações dentro dessa comunidade.
O livro destaca não apenas a influência dos líderes religiosos mais proeminentes, mas também o papel das bases sociais, comportamentais e econômicas no crescimento dessas igrejas.
Um aspecto marcante é a combinação peculiar entre devoção religiosa e irreverência, que se manifesta de diversas formas, desde a criação de produtos eróticos para casais evangélicos até a convergência da pregação cristã com a linguagem dos coaches de autoajuda.
Essa diversidade reflete as transformações demográficas das igrejas, que passaram de uma religião de imigrantes brancos para uma maioria negra, feminina e de classes baixas.
A relação entre igreja e política também é explorada, destacando o avanço dos evangélicos no cenário político brasileiro e sua associação crescente com o bolsonarismo. Balloussier analisa essa relação complexa, que evoluiu ao longo do tempo, desde o apoio fisiológico a diferentes governantes até a convergência ideológica com o atual presidente.
A autora destaca a importância das redes sociais na polarização política e na construção de alianças entre líderes religiosos e políticos. Além disso, ressalta a dificuldade da esquerda em dialogar com esse segmento do eleitorado, o que contribui para a ascensão do bolsonarismo entre os evangélicos.
OPINIÃO DE CONTEXTO – Em resumo, “O Púlpito” oferece uma análise abrangente e perspicaz sobre o fenômeno da ascensão das igrejas evangélicas no Brasil, explorando suas múltiplas dimensões e desafiando estereótipos com humor e ironia. (Vander Lúcio Barbosa, editor)