Ser advogado, e não médico causou-lhe algum embaraço quando o senhor assumiu a Secretaria?
Certamente houve algum tipo de questionamento, mas, no geral, nós tivemos um amplo apoio da classe médica e de setores da área de saúde. Não vejo nada significativo que pode impedir ou atrapalhar nossa gestão.
Como a municipalização melhorou o atendimento nas cidades que adotaram o sistema?
A municipalização dá autonomia para o município gerir seus próprios recursos, para atender as necessidades da população mais diretamente, porque os recursos vêm do Ministério da Saúde para o município sem interferências. Isso, com certeza, facilita o trabalho.
Rubéola, Hanseníase e Febre Amarela são doenças cotidianamente noticiadas pela imprensa. Qual a estratégia para combatê-las em Anápolis e região?
Nós temos programas específicos em todas essas áreas, que estão descritos estritamente no plano anual do Ministério, estamos sempre atentos e procuramos trabalhar com a prevenção e com os tratamentos necessários.
Anápolis é referência no tratamento da Hanseníase, qual o tipo de serviço oferecido ao paciente?
Temos um centro especializado de controle da Hanseníase, que funciona na unidade de saúde do Bairro Jundiaí, onde oferecemos todo o tratamento necessário para a plena recuperação do paciente. Tudo isso, pela rede pública de saúde.
A Secretaria Municipal de Saúde tem, hoje, estrutura para atender à demanda de Anápolis e região? Como está o repasse de recursos?
Nós temos, hoje, dois tipos de repasse de verbas. O primeiro é relativo ao índice constitucional e tem aplicação de 15% das receitas municipais para a saúde. E temos os recursos repassados diretamente pelo Ministério da Saúde para o fundo municipal. Juntos eles formam um conjunto que nos dá tranqüilidade para fazer uma gestão de boa qualidade.
Qual a prioridade em saúde no momento diante do quadro deixado pela antiga administração?
A prioridade maior é recuperar o sistema de saúde como um todo. Nós encontramos uma rede cheia de dificuldades e carências. Então, passamos a aplicar nossos recursos e esforços em toda a rede.
Quais são os planos para o Hospital Municipal?
Vamos reativar e requalificar o atendimento. No fim da gestão passada, quase não ocorriam internações, principalmente, na área da pediatria. Hoje, temos uma média de 80 internações. E estamos levando essa visão para toda a rede. Melhorando as condições de trabalho, reequipando o hospital. Agora, existem dois novos aparelhos de raio-x, um aparelho de ultra-sonografia e outro de eletrocardiograma. Estamos adequando o ambiente de trabalho com móveis novos, cuidando da alimentação – que era deficiente, não deixamos faltar material, nem medicamentos. Criamos o plantão odontológico 24 horas, que já proporciona um atendimento significativo. Estamos implantando também, a política nacional de humanização, em que, desde os atendentes até os médicos serão treinados e capacitados para melhorar o atendimento. Existe uma preocupação em valorizar o servidor, para isso, estamos estudando planos e cargos, promovendo reajustes salariais. Enfim, a intenção é criar uma série de condições para que o Hospital venha a ser referencia em atendimento à saúde no município de Anápolis.
Em relação às parcerias com o Governo Federal, como CEO e SAMU, elas serão ampliadas e melhoradas?
O SAMU funcionava e ainda está funcionando em uma sede precária. Quando assumimos a administração apenas uma ambulância estava em condições de trabalho. Hoje, estamos com um projeto em andamento para transferir a sede do SAMU da Secretaria de Saúde para um prédio na Av. JK, no Bairro Jundiaí. A adequação do prédio já está em andamento, já reformamos sete ambulâncias, que estão funcionando e atendendo à população. Nessa quarta-feira, ganhamos três novas ambulâncias, que vêm de uma parceria com o a Secretaria Estadual de Saúde, para integrar a frota. Outras três estão sendo concertadas, porque estavam totalmente depredadas. E em julho há a possibilidade do recebimento de mais uma ambulância pelo programa de reposição do Ministério da Saúde. Também estamos cuidando da valorização do servidor dessa área com reajustes salariais e contratações. Na área de saúde bucal, o marco foi a implantação do plantão de atendimento 24 horas no Hospital Municipal. Em princípio, achamos que não haveria demanda, mas a procura tem sido significativa. Foi feito um remanejamento de profissionais em toda a rede, garantindo dentistas em todas as unidades do PSF. Queremos garantir que não faltem materiais em medicamentos nessa área, principalmente, no Centro de Especialidades Odontológicas, no Bairro Maracanã. Ampliar a unidade também é uma proposta. Hoje, nosso coordenador de saúde bucal está em Brasília buscando recursos que vão ser traduzidos em, pelo menos, 13 novas equipes. Queremos levar o programa de saúde bucal às escolas.
E a unidade de saúde da mulher, o Programa de Saúde da Família?
Essa unidade funcionou até agora numa sede precária e inadequada, por isso, estamos dando andamento ao projeto de construção de um novo prédio. Além da reestruturação total do serviço, gerando atenção completa à saúde da mulher. Vamos reequipar essa unidade, com laboratórios completos, mamógrafos, aparelhos de ultra-sonografia e raio-x. Quanto ao PSF, temos atualmente 46 equipes que cobrem aproximadamente 46% da necessidade. Agora, mais 12 equipes estão autorizadas a funcionar e com esse número, vamos alcançar, 74% de cobertura. Fizemos um levantamento completo, quanto a necessidade de ampliações e reformas das instalações físicas de todas as unidades e há um processo de licitação em andamento. Cada unidade do PSF tem um responsável, para que haja uma ligação direta com a Secretaria e atendimento às necessidades do dia-a-dia. Tudo isso, fazia parte do plano emergencial, que vence hoje.
E a partir de agora, quais são os passos a seguir?
Vamos implementar nosso planejamento estratégico, aquilo que a administração pensou para a área de saúde. Dentro dessa realidade estão coisas do dia-a-dia, como as campanhas educativas de vigilância sanitária – DST/AIDS, dengue, por exemplo.
Mas em relação à dengue, os agentes que estão emprestados para os municípios do entorno não farão falta na continuidade desse trabalho?
Não, tudo isso foi feito dentro de um planejamento, que nos interessava também. No caso de Campo Limpo de Goiás, por exemplo, que é um município visinho à cidade de Anápolis, ao colocar esses agentes à disposição estamos não só ajudando, como evitando que a proliferação se propague para o nosso município. Na verdade, o trabalho realizado nessa área já deu resultado, em fevereiro, tivemos 65 casos notificados.
Já em março, esse número caiu para 32, sendo que apenas sete foram confirmados. Tudo isso é resultado de um trabalho de conscientização e mobilização, em que a Secretaria de Saúde teve como parceiros a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Sustentável e a Secretária de Educação, Ministério Público, Igrejas Católicas e Evangélicas e outros setores da sociedade organizada, como ACIA, CLD e Faculdades. Ainda nessa campanha, serão feitas várias contratações para reforçar o trabalho das equipes. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano está contratando 100 trabalhadores para ajudar nos projetos de limpeza e a Secretaria de Saúde mais 50. Serão instaladas 300 lixeiras em vários pontos da cidade, distribuídas 20 mil cartilhas educativas, cinco mil adesivos e mil camisetas.
Como ocorrerá o processo seletivo que a Secretaria está promovendo?
O processo seletivo é o grande momento de nossa ação emergencial, as inscrições começaram ontem, e através dele queremos contratar 255 profissionais. São profissionais para todas as áreas de atividade médico-hospitalares. Serão 107 médicos, que vão atuar no Hospital Municipal, nas Unidades Básicas de saúde, no PSF e SAMU. Estaremos recompondo o salário destes profissionais, que hoje recebem R$ 2.400. Eles, agora, trabalharão em regime de 24 horas e receberão R$ 900 por cada plantão, num total de R$ 3.600. Entre as especialidades, há vagas para: angiologia, cardiologia, auditoria hospitalar, cirurgia de cabeça e pescoço, dermatologia, endocrinologia, geriatria, hematologia, infectologia, ortopedia, nefrologia, neurologia, neuropedriatria, oftalmologia, otorrinolaringologia, pediatria, pneumologia, radiologia, reumatologia e urologia. Há, ainda, vagas para médicos do trabalho e clínicos gerais. Além de biomédicos, enfermeiros, farmacêuticos, cirurgiões dentistas, enfermeiros e fisioterapeutas, entre outros. Esperamos que todas as vagas sejam preenchidas, para sanar de vez as deficiências de pessoal da rede de saúde.
O senhor acredita que com essas contratações Cais como os dos Bairros São Joaquim e Progresso podem vir a funcionar no sistema 24 horas?
Essa é a nossa intenção. Pode ser que nem todos os postos funcionem 24 horas, mas os que não funcionarem ficarão abertos 12 horas completas. Com todos os profissionais necessários para o pleno atendimento. O Cais do Jardim Progresso está programado para funcionar no regime de 24 horas. E já está nos planos de médio prazo, a construção de uma nova unidade de saúde na região Sul.
Qual a próxima atividade programada pela Secretaria?
No dia sete de abril, comemora-se o Dia Mundial da Saúde. E a Secretaria tem uma intensa programação preparada para a data, com atendimentos diversos e palestras, durante todo o dia, na Praça Americano do Brasil.