“Mounir Naoum – Do Líbano ao Centro-Oeste do Brasil” resgata a história do empresário que veio de outro lado do mundo com 120 dólares, devolveu dinheiro ao pai e, hoje, colhe os louros de uma trajetória de sucesso
No final da tarde da última terça-feira, 22/03, as portas da conhecida mansão da Avenida Maranhão, no Bairro Jundiaí, foram abertas. Para muitos, impressionou a beleza do lugar, a arquitetura, o verde.
Mas, de fato, a real beleza do lugar estava no lado dentro: um homem sentado num sofá, sorriso aberto e braços estendidos para quem chegasse para cumprimentá-lo.
No alto dos seus mais de 90 anos de idade, humilde, lúcido e fraterno, ninguém menos que uma das principais personalidades da história de Anápolis, o empresário Mounir Naoum recebeu familiares, a imprensa e uma verdadeira legião de fervorosos amigos para o lançamento do livro: “Mounir Naoum – Do Líbano ao Centro-Oeste do Brasil”.
Uma a uma, as pessoas que chegaram faziam questão de um abraço, uma pose para a foto. Devido às limitações da idade, ele não discursou no evento. Coube a Mounir Naoum Filho fazer as honras da casa, em nome da família.
E, diga-se de passagem, não precisava mesmo de discurso. Os gestos e a presença de Mounir foram muito mais do que suficientes para preencher aquele momento histórico, onde o personagem encontra o seu lugar no livro e o livro leva para a “imortalidade” tudo aquilo que se passou, todos aqueles que embarcaram e desembarcaram na sua preciosa viagem da vida.
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O livro tem a autoria do professor Pedro Fernando Sahium, ex-Prefeito de Anápolis, e do jornalista Danilo Boaventura, com ilustrações do desenhista e arquiteto Luiz Antônio Costa. São mais de 150 páginas, cerca de dois anos de trabalho de pesquisa e produção do material que, ao final, foi transformado na obra literária.
Muitas pessoas foram entrevistadas, dentre elas, os empresários e amigos Munir Caixe e Rachid Cury Neto; Dona Walquíria Luna , esposa do ex-prefeito Jamel Cecílio; os Djon Boys (primeiros pilotos da FAB a voarem no Mirage), Cel. Av. Blower e Cel. Av. Villaça; Solange Teixeira, a secretária particular; empresário Luiz Medeiros; advogado Bill Fanstone; pastor José Carlos Potenciano, dentre outros.
Cada qual trouxe para o livro um pedaço da história viva de Mounir Naoum, onde ele atuou como empresário, desportistas, conselheiro político, sua participação na igreja, nos movimentos sociais e, sobretudo, naquela que é a sua especialidade: fazer e cultivar amizades.
Essa foi a tônica de todos os que se utilizaram para falar sobre o livro e o seu personagem, durante o lançamento. Discursaram os autores – Pedro Sahium e Danilo Boaventura – que relataram um pouco da experiência que foi montar o livro e as ricas passagens na história que o mesmo traz; o presidente da Associação Educativa Evangélica, Augusto Ventura, amigo da família e por muitos anos, advogado no grupo dirigido pelo empresário e que leva seu sobrenome; Mounir Naoum Filho, que colaborou em várias etapas da publicação.
O prefeito Roberto Naves assinalou que o empresário Mounir Naoum “não faz parte da história de Anápolis. Ele é a própria história de Anápolis e de Goiás”. E completou: “Fico muito feliz, porque essa é uma homenagem muito justa a esta pessoa e a esta família.
O deputado federal Rubens Otoni ressaltou: “É uma história fantástica; uma história de luta e de garra de um homem e de uma família que está presente nos momentos mais importantes de Anápolis”.
O ex-governador Marconi Perillo, também, esteve presente, mas preferiu se expressar por meio do abraço efusivo levado ao amigo e personagem do livro, cuja edição contou com patrocínio da Associação Educativa Evangélica, instituição da qual Mounir, também, fez parte.
No seu discurso, o ex-prefeito Pedro Sahium lembrou que quando exerceu o cargo, teve na figura do empresário um dos seus principais colaboradores, de forma voluntária. E, pessoalmente, gostaria de presenteá-lo, mas não sabia como, “para uma pessoa que tem tudo”. Passaram-se os anos e a oportunidade veio com o livro, que acabou sendo, também, para ele um presente e para Anápolis e Goiás, da mesma forma, um presente que enriquece o conhecimento de uma pessoa que fez e faz história.
US$ 120 no bolso, uma longa viagem do Líbano para Anápolis. Um caminho com empreendedorismo, glamour e também tristezas
O livro tem todos os pormenores, os detalhes. Não vale contar o início, o meio e o fim. Mas, vale aguçar a curiosidade de algumas passagens importantes e interessantes que o livro resgata.
Uma delas narra a partida do jovem Mounir Naoum do Líbano para o centro do Brasil, cercada de todos os preparativos pelo seu pai, Habib.
O embarque no Porto de Beirute aconteceu no dia 21 de novembro de 1947. A chegada em Anápolis – destino final – deu-se, somente, no dia 9 de janeiro de 1948.
Mounir embarcou com o equivalente a 120 dólares americanos. Fazia questão de economizar, pois não sabia o que lhe esperava. Quando chegou, ele tinha ainda 73 dólares e a primeira coisa que fez foi mandar esse dinheiro de volta ao pai pelo correio, porque aqui ele já estava empregado.
Mounir foi o pioneiro da família no Brasil. Depois dele vieram os irmãos William e George. Juntos, eles constituíram o grupo que com o passar dos anos atuou em diversos segmentos: agropecuária; produção de açúcar e álcool; construção civil e hotelaria. Só para ficar em alguns exemplos.
Glamour
Há, também, passagens no livro, de glamour. O grupo levou para a Capital Federal, um dos mais “chiques” hotéis, sendo, na época, referência para a estadia personalidades mundiais (Naoum Plaza).
Em 1991, Mounir Naoum recepcionou o príncipe Charles e a princesa Daiana, casal badalado da realeza britânica na época; em 1995, o presidente da Argentina, Carlos Menem; em 1997, a recepção foi ao imperador Akihito, do Japão; ainda em 1997, o presidente do Líbano, Elias Hrawi no ano 2000, o rei Juan Carlos, da Espanha; também em 2000, o príncipe da Arábia Saudita, Bin Abdul Aziz Al Saied; em 2001, o presidente da China, Jiang Zemin. Tem, também, na galeria de imagens, uma foto ao lado do, então, presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso. Tudo, devidamente, registrado na publicação.
Tristeza
Contudo, o livro traz, também, momentos difíceis na vida do empresário, com as perdas de pessoas da família: a esposa, Dona Alzira, com quem casou-se no dia 29 de maio de 1954 e viveu com ele bons momentos de sua vida, como “eterna namorada”.
Antes, a morte dos pais: Habib e Olívia; os irmãos Mary, William, Abdallah, George e Wafa; a filha Margareth, que faleceu de forma trágica num acidente ocorrido nos Estados Unidos. Também, houve a morte de uma neta, vítima de acidente.
Valores
Em resumo, o livro é uma coletânea de valores, não de valores materiais, mas valores de vida, de exemplos e superação. É uma jornada numa viagem enriquecedora.