Campanha foi oficialmente aberta em Anápolis com um evento de mobilização e uma mesa redonda de debate com integrantes da rede de proteção à criança e ao adolescente, mostrando ações, avanços, gargalos e desafios.
Anápolis busca engajamento em uma luta que é uma luta de toda a sociedade. Uma luta, muitas vezes, que é travada de forma silenciosa, mas que tem um objetivo: prevenir e combater abuso e violência sexual contra crianças e adolescentes.
O Maio Laranja é o mês que dá visibilidade à causa, mas a luta acontece todos os dias através de uma rede formada por vários atores: Prefeitura (através das áreas social, de educação e de saúde, principalmente), Poder Judiciário, Ministério Público, Forças de Segurança (Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal), Poder Legislativo, CREAS, Rede de Saúde Mental, Conselhos Tutelares e várias ONGs, como a Cruzada pela Dignidade.
Enfim, uma rede ampla, dada ao tamanho e a complexidade de sua missão.
Na manhã desta sexta-feira, 12/5, dezenas de integrantes da rede se reuniram para dar o start oficial ao Maio Laranja em Anápolis.
O evento teve uma roda de conversa, que trouxe dados sobre a realidade da violência sexual contra crianças e adolescentes no Município. Além de mostrar avanços que a rede conquistou ao longo dos anos.
Por outro lado, mostrar também que há muitos gargalos e desafios à frente.
Um desses gargalos, era a necessidade de contratação de um psicólogo para atuar junto à Delegacia de Polícia de Proteção à Criança e ao Adolescente, a DPCA, sob o comando da delegada Kenia Segantini.
Havia um profissional que há dois anos prestava serviços de forma voluntária, mas ele teve de se desvincular, dada a necessidade de buscar uma colocação remunerada no mercado de trabalho.
No encontro, o juiz da Infância e Adolescência, Carlos Limongi Sterse, um dos mediadores da mesa redonda, deu em primeira mão a notícia de que o profissional será recontratado, por meio da primeira-dama e deputada estadual Vivian Naves, também integrante da mesa.
Mas, ainda há gargalos, não apenas na DPCA.
A promotora de Justiça Carla Brant, que atua na área de família, pontuou a necessidade de união de esforços para que haja mais celeridade nos inquéritos e processos envolvendo crimes de abuso e violência sexual contra crianças e adolescentes.
Ela citou que recebeu agora, recente, um processo de 2011. E, seu primeiro olhar foi para saber como está, hoje, a vítima. “Se ela tinha uma feriada que já havia se cicatrizado, essa ferida vai se abrir”, disse.
Impotência da denúncia
A primeira-dama Vivian Naves e a secretária de Integração Social Eerizânia Freitas, discorreram sobre a importância da denúncia, denúncia essa que pode ser feita por meio de diversos canais, incluindo o Disque 100, preservando o sigilo do denunciante.
Os dados apresentados pela diretora de Vigilância em saúde do Município, Mirlene Garcia: mais de 230 casos, no ano passado, envolvendo menores de 14 anos, revelam que a situação requer sim, atenção.
E, como disse o juiz Carlos Limongi, por trás desses números estão famílias, dores e sofrimentos.
A roda de conversa contou também com a participação da 2ª Tenente PM Sarah Alves de Souza; da representante do Conselho Tutelar, Ângela Aparecida Flávia; do vice-presidente do Conselho Regional de Psicologia e membro da Rede de Saúde Mental, Marco Aurélio Silva.