O presidente do Brasil defendeu, recentemente, a criação de uma moeda única entre a Argentina e o Brasil. A moeda receberia a denominação de peso-real. O assunto ganhou expressão após uma visita à Argentina, acompanhado do ministro da economia, Paulo Guedes, onde tratou de negócios e conversou a respeito do futuro das duas nações.
Se a decisão fosse tomada apenas por parte do presidente da Argentina, Mauricio Macri, esse plano já estaria com data marcada, pois ele tenta a reeleição em outubro, mas enfrenta o caos na economia, com inflação a mais de 55% ao ano, pobreza que atinge a 38% da população e dólar a quase 45 pesos. A ideia de uma moeda comum é uma boa oportunidade para quem precisa de um discurso que crie alguma expectativa positiva na população.
Entretanto, cogitar essa possibilidade traz inseguranças e questionamentos, como a valorização da moeda, a cotação do dólar em relação a ela e, inclusive, a tão temida inflação.
Há uma diferença muito expressiva entre as economias dos dois países, enquanto o Brasil teve um PIB, em 2018, de US$ 6,8 trilhões de dólares, a Argentina contou com US$ 771 bilhões. Trata-se de um valor muito discrepante para mencionar a criação de uma moeda única.
Desde que o Mercosul foi criado, os países do bloco aventam a possibilidade de criar uma moeda comum, mas nenhuma iniciativa nesse sentido foi concretizada devido às incongruências nas políticas cambiais dos membros, sendo eles Brasil, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Argentina. Venezuela em razão da atual situação em que se encontra está suspensa do bloco. Chile ainda não se tornou um membro pleno.
Explicou o ministro da economia, que se trata de um processo de longo prazo. Segundo ele: “no futuro haveria, daqui uns 20 anos, cinco moedas no mundo. E que a integração na América Latina levaria eventualmente a uma moeda única e vice-versa. Uma moeda única aceleraria também uma integração regional”.
No tocante a macroeconomia, um fator muito importante é o valor do dólar em relação à moeda de cada país. Segundo a Latin Focus Consensus Forecast – Focus Economic 2019 e a ONU, no ano de 2018, tínhamos a seguinte cotação, onde 1 dólar valeria: no Paraguai, 6.277,00 guaranis (moeda do país); na Argentina, 44,88 pesos argentinos; no Uruguai, 33,37 pesos uruguaios; na Bolívia, 6,91 bolivianos; por fim, no Brasil, 3,87 reais.
Em nota, o Banco Central do Brasil negou que exista projeto ou estudo em andamento sobre a moeda única. Segundo o Banco Central, há apenas diálogos naturais na relação entre parceiros sobre a estabilidade macroeconômica.