UPA ignorou sinais de gravidade e não fez exames adequados, diz sentença
A Justiça de Goiás condenou o município de Anápolis a pagar R$ 100 mil por danos morais aos pais do pequeno Nicolas, de 2 anos e 4 meses, que morreu após sucessivos atendimentos mal conduzidos na UPA Dr. Lineu Gonzaga Jaime. O juiz Gabriel Lisboa Silva e Dias Ferreira, da Vara da Fazenda Pública Municipal, considerou que a rede pública de saúde agiu com negligência.
Primeiros sintomas
No dia 26 de outubro de 2022, Nicolas caiu do capô de um carro, bateu a cabeça e as costas, e chegou a desmaiar. A mãe o levou imediatamente à UPA pediátrica. Lá, os profissionais realizaram apenas exames simples, como raio-x da cabeça e da coluna, e liberaram a criança para casa, sem observação.
Nos dias seguintes, o quadro clínico piorou. Nicolas teve febre, vômitos e ficou prostrado. Mesmo assim, entre os dias 1º e 3 de novembro, os médicos da unidade ignoraram os sintomas. Eles apenas receitaram medicamentos, sem investigar com exames mais detalhados. Em uma das visitas, a mãe chegou a relatar vômito com sangue, mas os profissionais não reagiram de forma adequada.
Tragédia anunciada
Somente na quarta ida à UPA, em 3 de novembro, os médicos reconheceram a gravidade do caso. Nicolas foi levado às pressas para a sala vermelha, onde foi entubado com sinais de sepse severa. Em estado crítico, ele seguiu para a UTI da Santa Casa de Anápolis, mas não resistiu. A morte foi registrada às 15h50 do mesmo dia. A certidão apontou sepse e broncopneumonia como causas do óbito.
Na sentença, o juiz afirmou que os sintomas indicavam gravidade desde o início. Ele criticou a omissão da equipe médica e destacou que os pais agiram corretamente ao buscar atendimento sempre que houve piora. Apesar da dor, o magistrado negou o pedido de pensão mensal, alegando falta de comprovação de dependência econômica.
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