Que a economia brasileira está em cima de rodas, todo mundo (ou, quase) sabe. Nossas riquezas são transportadas em mais de 80 por cento, nas carrocerias de caminhões. Fazem parte, ainda, utilitários e outros veículos automotores. As navegações fluviais, costeiras e/ou lacustres, se encarregam de muito pouco desta tarefa. O mesmo se aplica na questão ferroviária. O grosso do transporte de cargas e passageiros, com toda a certeza, é feito pelas rodovias municipais, estaduais, federais e, até vicinais.
O grande problema é que nossos malha viária é obsoleta, tacanha, insípida e por demais perigosa na maior parte do Território Nacional. No Centro Oeste é um desastre. Grande parte de nossa produção agropastoril (grãos principalmente) fica pelo caminho ao ser transportada em caminhões que rodam nas estradas malconservadas; cheias de buracos, sem sinalização e com traçados irregulares. Por isso, além dos prejuízos materiais, surgem os danos, na maioria das vezes irreversíveis, advindos dos muitos acidentes que presenciamos todos os dias. Mortos, mutilados e feridos se multiplicam.
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Dados da Confederação Nacional dos Transportes apontam que, em 2021, o Brasil registrou mais de 47 mil acidentes nas rodovias. No mesmo ano, também de acordo com a CNT, 61,8% das rodovias brasileiras foram classificadas em seu estado geral como regular, ruim ou péssimo. Para a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, somente esses dois indicadores justificariam a ampliação de investimentos na expansão e na melhoria da malha rodoviária nacional. De acordo com a entidade, a expansão dos investimentos em infraestrutura é um caminho rápido e seguro para se alcançar um desenvolvimento sustentável, além de oferecer a segurança e a melhor qualidade das rodovias que a sociedade merece.
Na contramão de tudo isso, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), autarquia que deve implementar as políticas de infraestrutura de transportes no País, apresenta, neste ano de 2022, seu menor orçamento dos últimos 20 anos: seis bilhões de reais para todos os modais – quando, apenas para a manutenção das atuais rodovias, seriam necessários cerca de oito bilhões de reais, segundo o próprio o DNIT. E, por certo, com recursos escassos, a manutenção das rodovias públicas federais pode ficar prejudicada.
De alguns anos para cá, os governos tentam diminuir esta diferença, com os projetos de concessões rodoviárias, ferroviárias e marítimas. Têm-se multiplicado os casos de privatização de estradas em geral, na esperança de que as coisas melhorem. Ou seja: os governos passam a responsabilidade para empresas particulares. Só que, tudo isso tem um preço: o povo que já paga um monte de tributos, tem de pagar, compulsoriamente, os pedágios nessas passagens. Na região de Anápolis já existem as praças de Goianápolis e Alexânia. Mas, não demora muito, vêm aí os pedágios das BRs 153 e 414 que acabam de ser dadas em concessão. Que preparemos os nossos bolsos, então.