Hoje quero falar de milagre e da maravilha que é participar de algo grandioso. Para tanto, vou usar o texto bíblico descrito em Marcos 6: 32-14 em que é relatada a multiplicação dos pães. É um texto conhecido de um acontecimento marcante no ministério de Jesus. Eles estavam numa região deserta durante todo o dia e as pessoas ouviam Jesus. Chegou o momento em que os discípulos, preocupados com o bem-estar daquela multidão, foram a Jesus pedindo que ele os despedisse pois, certamente, estariam com muita fome. Jesus então deu-lhes uma ordem perturbadora: “Não, não é necessário despedi-los. Dai-lhes vós mesmos de comer”.
Temos que parar para pensar nessa afirmação de Jesus. Durante muito tempo em minha vida cheguei a pensar que Jesus era meio sádico, que ele dava-nos ordens impossíveis de serem realizadas. Qual a intenção de Jesus ao dar aquela ordem aos discípulos? O lugar era deserto e ele falou para um grupinho de 12 homens alimentar uma multidão de cerca de 10 mil pessoas.
Imagino aqueles homens correndo à procura de comida pelos campos e, passado um tempo, voltarem frustrados com um punhado de coisas que não dava nem “pro cheiro”. Derrotados e frustrados. Seria este o objetivo do Mestre? Dar ordens impossíveis? Quando analisamos o sermão do Monte, muitos de nós ficamos confusos com certas ordens de Jesus: “amai os vossos inimigos”, “se alguém lhe bater numa face, dá-lhe outra”, “se alguém olhar com intenção impura, adulterou.” E muitos de nós pensamos: “não, Jesus não pode estar falando a sério”. Mas e esta ordem? “Dá-lhes vós mesmos de comer!” Qual o objetivo? Posso pensar em pelo menos três:
O primeiro motivo era conscientizar os discípulos de suas responsabilidades. Sempre temos a tendência de querer “despedir as multidões” porque os problemas nos incomodam. Preferimos, à semelhança do avestruz, enterrar a cabeça na areia para não vermos o sofrimento humano. Os discípulos chegaram a Jesus dizendo: “despede a multidão” porque se negavam a pensar numa solução. Mas Jesus queria que encarassem a realidade e se sentissem responsáveis por aquelas pessoas.
O segundo objetivo era ensinar os discípulos a usarem o que estava disponível. Quando Jesus percebeu a perplexidade em seus rostos diante da ordem, ele os questionou: “Quantos pães tendes? Ide ver”. Eles foram verificar e encontraram um jovenzinho com cinco pães e dois peixes. No meio de toda essa multidão, só existiam cinco pães e dois peixes. Deus opera a partir da nossa disponibilidade. Sabe o que o genuíno discípulo de Jesus possui? Ele possui um desejo profundo de obediência e, com isso, já tem nas mãos “cinco pães e dois peixes”. A palavra de Deus diz que é Ele que efetua em nós tanto o querer como o realizar. Se dentro do seu coração você tem um desejo profundo de obediência a Deus é porque você é um discípulo.
E, por fim, Jesus queria levá-los a avaliar a sua impossibilidade. O que são cinco pães e dois peixes diante de uma multidão? Nada. Mas esse é o mistério de Deus. Quando aqueles discípulos estavam conscientes de sua impossibilidade, Jesus operou o milagre da multiplicação. A partir de sua disponibilidade, o que você tem? Você tem o querer, mas para que esse querer seja realizável Jesus tem que nos quebrar. Ele teve que partir aqueles pães e multiplicá-los. A multidão foi alimentada e ainda sobraram doze cestos. O menino que doou os cinco pães e dois peixes levou muito mais do que trouxera de casa porque quem reparte, sempre acaba ficando com a melhor parte.
O objetivo de Deus para conosco é levar-nos a essas avaliações. Temos que avaliar que somos responsáveis, que precisamos estar disponíveis e que a obra é muito grande e impossível para nós. No entanto, quando colocamos nosso “nada” nas mãos de Deus, Ele faz milagres.