Eu moro em Anápolis! Você já deve ter dito isso algum dia na vida. Quando eu falo isso, pode não ter o mesmo significado ou sentimento nostálgico pra você. Essa é a cidade que eu construí a partir das minhas experiências e das minhas memórias. E você das suas.
Por exemplo: Anápolis pra mim já foi o Bairro JK onde ali vivi grande parte da minha infância, onde andava de patins na rua e brincava de queimada com os amigos da vizinhança. No Bairro Jundiaí onde ganhei minha primeira medalha num campeonato de xadrez da escola e que hoje é onde meus pais moram e onde convivo com mais pessoas.
Anápolis também é a cidade que representei em grandes concursos, reality show e competições. Cidade que aprendi a dirigir, a ler e escrever, aprendi a trabalhar e a ser mãe levando meus filhos para a escola. Terra que meus pais fundaram a melhor e mais avivada igreja dessa cidade, a igreja Shalom, onde aprendo diariamente que quem serve é maior entre os demais.
Anápolis pra mim é um conjunto de experiências e memórias em forma de cidade. E se você também conhece Anápolis, ou também é daqui, certamente a sua Anápolis é diferente da minha. Pra você, o que é Anápolis?
É a sua casa? É o seu bairro? O seu emprego? É o lugar por onde você passeia? É o seu caminho para a escola? É a morada da sua família? Onde você aprendeu algo? O lugar onde seu prefeito sempre inaugura obras ou o lugar que o seu prefeito não enxerga?
Cidades no dicionário é aglomeração humana, circunscritas no território geográfico. Peraí!!!! Aglomeração humana? Então, cidades são feitas de pessoas e para pessoas. A cidade não é mobilidade, gestão de resíduos, gestão dos rios ou lockdown. Sem pessoas, não há cidade, não existe um porque para cada uma dessas necessidades. Ela é um conjunto dessas engrenagens. É como se ela fosse um organismo. E nós, as pessoas, somos as células desse organismo.
E é entendendo como nós, as pessoas, usamos as engrenagens da cidade, que a gente pode pensar em como construir lugares melhores para viver. É aí que da pra agir. Pensando em como a gente pode usar melhor a cidade que vivemos. Mas cada um, enxerga a cidade de uma forma diferente, dependendo da experiência que têm com essa cidade. Isso varia muito de acordo com o transporte que você usa. Com o bairro que você mora. Com o emprego que você tem. Ou até com o caminho que você faz todos os dias para chegar nos lugares.
Tristeza: sentimento complicado, mas humano
Então para ser um hacker urbano você precisa investigar a sua cidade. Esse é um passo importantíssimo para entender o que é que se faz para melhorar o ambiente em que vivemos.
Por aqui a gente sabe que já poderíamos estar melhor. Uma cidade mais bonita, mais cheia de flores e com mais ambientes para passear com os filhos. Com mais acessibilidade em lugares públicos. Mais hospitais e o número ideal de UTIs (não levando em consideração a pandemia) mas levando em consideração algo simples: a quantidade de seus habitantes.
E agora eu te pergunto: E se há 20 anos atrás os prefeitos tivessem pensado que a cidade deveria ser construída para pessoas e não para carros? E se tivessem construído mais ciclovias para irmos hoje ao trabalho de bicicleta? Ou até a pé, fazendo uma caminhada com segurança. Até nesse tempo de gasolina exorbitante, a gente sairia de casa feliz, não é mesmo?
Se tivessem já cobrado das empresas licitadas mais ônibus circulando, poderíamos usar o transporte público porque iríamos sentados e com maior disponibilidade de horário. Assim como países de primeiro mundo. Se tivessem planejado a quantidade de crianças por bairros e construído mais escolas espalhadas por essa cidade. Escolas públicas amplas, adaptáveis, arejadas. Alguns de nós não precisaríamos pagar tanto por escolas particulares. Tempo da nossa que vai embora. Imposto do nosso bolso que nunca volta. E se…, e se…, e se.
Eu já tive 15 anos de idade nessa cidade (isso não faz muito tempo, ou faz?). Bom, isso agora já não importa, moro aqui há 31 anos. Se alguém naquela época tivesse pensado em políticas públicas baseadas em evidências e tivessem feito tanta coisa, hoje eu teria outra experiência vivendo aqui.
E se nada foi feito pra trás, isso pode nos paralisar? Não. De forma alguma. Então, sugiro você ser a mudança que você quer ver. Se levante, faça alguma coisa também. Nas próximas eleições seja um candidato, ou pense melhor antes de votar. Mas por favor, seja ou coloque lá alguém livre de preconceito, vingança, vaidade ou competição política. Alguém que pense em pessoas, acima de qualquer outro pensamento. Pense no futuro e não em sí mesmo. Pense em como uma cidade deveria ser 10, 20 ou 30 anos pra frente.
Qual a cidade você quer ver nos próximos 10 anos? Ou qual cidade você gostaria que os seus filhos vivessem? Se não começar em nós, na fé, na esperança, no voto, na democracia, na decisão, na disposição, nada poderá mudar. O que é Anápolis para você? O tempo está voando e logo 114 será 124 anos. Vai depender de você, de mim, de nós para vivermos o melhor dessa terra. Floresça onde você está, Anápolis é o seu lugar.