Nada menos que 1.100 presos que cumprem pena na Penitenciária “Odenir Guimarães”, em Aparecida de Goiânia (dois terços do total) foram redistribuídos para cadeias e prisões espalhadas em nove regiões do Estado, inclusive Anápolis, onde funciona num presídio regional. A justificativa é que o antigo CEPAIGO (Centro Penitenciário Agro Industrial de Goiás) precisa, urgentemente, de reparos em sua parte estrutural, tendo em vista ser ela uma edificação antiga (década de 60) e ficou obsoleta ao longo de todo esse tempo, sem contar a superlotação e outras dificuldades enfrentadas no dia-a-dia daquele estabelecimento penal.
O problema, entretanto, está no controle dessa população carcerária, uma vez que as demais prisões, também, estavam com a capacidade esgotada e muitos arranjos foram feitos, com improvisações de espaços e outros cuidados. Mas, a situação é muito preocupante, uma vez que, entre os presos transferidos, estão muitos da mais alta periculosidade e, portanto, um risco para a integridade dos detentos que lá já estavam, assim como para os próprios vigilantes, muitos deles inexperientes na lida com grande volume de detentos. Mas foi dada a ordem e a ordem foi acatada.
Convém lembrar que é a segunda operação semelhante feita em Goiás em curto espaço de tempo. Em março de 2017, por conta de uma rebelião naquele estabelecimento penal, com o saldo de cinco mortos e vários feridos, foi necessária a transferência, em regime de urgência, de 550 presos de uma ala, para o Presídio Regional em Anápolis, o que causou, à época, uma série de transtornos, como a depredação de grande parte do prédio que, ainda, nem havia sido entregue. Esse drama durou vários meses e aos poucos, os presos foram “devolvidos” para Aparecida de Goiânia.
Agora, no caso recente, nem se sabe quando é que os presos retornarão para a “Odenir Guimarães”, o que, de fato, aumenta a ansiedade de todos os envolvidos. Estes presos são, por assim dizer, “hospedes do barulho” devido à situação atípica que causam ao estarem recolhidos em um ambiente estranho, longe dos contatos contumazes com familiares, amigos e defensores. Com a transferência, dificultam-se as chamadas visitas regulares e aumenta-se a tensão entre os presidiários.
Este, entretanto, é o retrato do sistema prisional brasileiro. Prisões antigas, inadequadas, insalubres e inseguras. Estas prisões abrigam homens e mulheres de todos os níveis criminais, com um atendimento, na maioria das vezes, inadequado e arriscado. São agentes prisionais, nem sempre, preparado, sem treinamento, sem armamento, sem logística de serviço. O risco é iminente e o assunto precisa ser acompanhado, muito de perto, pelas autoridades do Poder Judiciário e do Ministério Público. Antes que seja tarde.