Empresa que opera o transporte coletivo de Anápolis alerta que, se providências não forem tomadas logo, o colapso é iminente
“O transporte coletivo em Anápolis vai entrar em colapso na próxima semana”. A afirmação é de Carlos Leão, diretor jurídico da Urban, operadora do serviço em Anápolis. Segundo ele, a quitação da folha de pagamento vai inviabilizar a atividade, uma vez que não haverá dinheiro para a compra de diesel ou para a manutenção dos veículos. “Esse pode ser o primeiro dos serviços essenciais oferecidos à sociedade a colapsar diante dos efeitos da pandemia”, destaca.
A solução, de acordo com o diretor, seria uma injeção imediata de recursos do poder público para manter as linhas funcionando. Ele explica que, desde que as pessoas foram orientadas a ficar em casa, a demanda pelo serviço foi caindo até chegar a apenas 24% do normal. Enquanto isso, os custos de operação atuais continuam em 70%, ou seja, o capital está se degradando rápido demais. “Reduzimos o que foi determinado pela CMTT, mas ainda estamos no desequilíbrio total entre receita e despesa. Vamos ter que parar em algum dia entre 5 e 10 de abril”, prevê.
Responsabilidade
Carlos explica que a Urban não é uma empresa que pode simplesmente decidir parar. “Nós já encaminhamos três ofícios ou mais, alertando a Prefeitura de que as contas não iam fechar. Fizemos isso porque é prerrogativa do Executivo Municipal decidir pela paralisação ou pela oferta de recursos que cubram o déficit”, declara. O diretor cita as experiências de dois grandes centros urbanos que enfrentam um caos semelhante, mas já conseguiram ajuda do poder público: Rio de Janeiro e São Paulo.
No Rio, Marcelo Crivela pediu ajuda ao Governo Federal para pagar os salários dos motoristas de ônibus. Dos 5.500 ônibus que circulariam numa rotina normal, apenas 2.000 continuam em operação. Mas, o prefeito já antevê a situação insustentável que o sistema está prestes a experimentar. Já em São Paulo, a Câmara Municipal aprovou um pedido de redirecionamento orçamentário no valor de R$ 5,97 bilhões, feito pelo prefeito Bruno Covas, para minimizar o efeito econômico do Covid-19. Ele anunciou uma ajuda ao setor de transporte coletivo, de R$ 375 milhões mensais, por até 4 meses.
Carlos teme que a demora para se encontrar uma solução para a Urban resulte em descontinuidade da prestação do serviço. Ele acredita que Anápolis deve cobrar sua posição, numa aliança com o governo, para angariar recursos nesse sentido, o que já estaria sendo feito pelas prefeituras de Goiânia, Aparecida, Trindade e outras da região metropolitana da capital. “A Petrobrás não fornece Diesel a prazo”, sintetiza.
Já são mais de 200 frotas em situação crítica em todo o país. Segundo a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), seria necessário uma ajuda de R$ 2,5 bilhões por mês para manter os ônibus circulando. A Frente representa os 406 municípios com mais de 80 mil habitantes, incluindo todas as capitais e abrangendo 61% da população brasileira e 75% do PIB do país. “ Entendemos as necessidades de todos os setores, mas o transporte público está prestes a ser o primeiro dos serviços essenciais a ruir”, alerta Carlos Leão.