Delegado regional, Vander Coelho, ressaltou que o retrospecto foi de “dias difíceis, mas gratificantes”
CONTEXTO – O que pode ser dito de 2021 pela Polícia Civil de Anápolis?
VANDER – Todos sabemos o que aconteceu esse ano. Achamos que o pior havia passado, mas estávamos enganados. Felizmente a vacina chegou e os policiais tiveram o privilégio de recebe-las nos meses de março e abril. Quando isso aconteceu, pudemos retomar nossas rotinas de trabalho e dar andamento nos casos. Acabou que terminamos 2021 com uma produtividade recorde em todas as delegacias. Lamento que, para isso, tenhamos perdido vidas. Quero inclusive deixar minha menção honrosa ao Vagner, mais conhecido como “Vagão”, que faleceu em virtude da Covid, deixando todos nós abalados, em nome de quem me solidarizo com todas as famílias de policiais que nos deixaram em virtude dessa doença.
CONTEXTO – Fora a pandemia, qual foi o maior desafio da PC na cidade este ano?
VANDER – É de conhecimento geral que temos um número de policiais civis bastante inferior ao que seria ideal. Então, essa foi a nossa principal dificuldade. Para suprir essa falta, temos investido em banco de horas, que é quando o policial recebe para trabalhar durante a sua folga e em estratégias que possam elevar nossa produtividade. Com inteligência, driblamos esse problema em 2021, como mostram nossos índices de produtividade, como mencionei anteriormente. Quero, inclusive, elogiar meu pessoal. Se não fosse o compromisso deles com a instituição, não seria possível esse sucesso.
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CONTEXTO – E coisas boas, tivemos?
VANDER – Muitas. Quero destacar a parceria com o Ministério Público, que tem encaminhado doações de equipamentos às delegacias da cidade, nos provendo de recursos importantíssimos para o desempenho das nossas funções. Também quero agradecer à prefeitura por estar nos proporcionando recursos para o cumprimento do banco de horas e também sedes novas para abrigar as delegacias. Isso melhorou muito as condições de trabalho. Outro ponto positivo desse ano foi a chegada de novos delegados. Agora não temos nenhuma DP sem titular, ao contrário de 2020, quando um delegado tinha que responder por duas, atrasando muito o andamento dos inquéritos.
CONTEXTO – Você falou em produtividade. Poderia dar algum exemplo?
VANDER – Quero destacar a atuação da Delegacia de Trânsito, que autuou mais de 1,4 mil motoristas embriagados, tendo prendido em flagrante 435 deles. Trata-se de um trabalho que não vai parar porque visa a mudança de uma cultura muito arraigada na nossa sociedade e que exigirá anos de trabalho intenso nesse sentido. A Delegacia da Mulher foi outro destaque, com a produção de mais de 700 inquéritos. Aí chamo a atenção para a atuação no caso do médico Nicodemos, que recebeu a denúncia de mais de 50 vítimas, como bem se recorda a população. Também a Delegacia de Homicídios, que tem dado solução rápida aos casos, o que colabora para que 2021 tenha sido o 6º ano consecutivo de queda desses crimes, saindo do patamar de 200 em 2016 para 60 esse ano. Poderia me estender aqui porque são várias estatísticas a comemorar, mas quero falar ainda sobre a Delegacia do Idoso, com 1.253 visitas domiciliares, da Genarc, que conduziu oito grandes operações com pesados prejuízos ao tráfico de drogas e citar ainda as 10 operações contra clínicas de reabilitação que mantinham dependentes químicos em cárcere privado na cidade de Anápolis.
CONTEXTO – Gostou de estar à frente da Delegacia Regional em 2021?
VANDER – Muito. Estive no cargo provisoriamente ano passado, mas acabei sendo nomeado como titular e me senti muito honrado em servir a cidade em que nasci. Tenho a confiança e o respeito dos colegas e, com isso, conseguimos estabelecer um diálogo muito bom com as demais forças de segurança. É uma função difícil, não vou negar, mas bastante gratificante. E por aqui pretendo permanecer enquanto a instituição assim o quiser.
CONTEXTO – Voltando à pandemia, como foi possível manter o atendimento às ocorrências?
VANDER – A pandemia antecipou protocolos que estavam sendo implantados mais lentamente, mas que acabaram se tornando realidade por causa desse momento crítico. Estou falando da tecnologia, da internet e da informática. A possibilidade de se fazer um boletim on-line foi ampliada e passou a admitir outros tipos penais como estelionato, furto, perda de documentos, desaparecimento de pessoas, injúrias. Isso deu fluência aos atendimentos. Também tivemos uma adaptação para acompanhar o Poder Judiciário, cujos processos já são todos digitais. Nós também entramos nessa era em 2021, com nossos inquéritos todos digitais, o que contribuiu para uma produtividade muito maior esse ano, mesmo com tamanhas dificuldades.
CONTEXTO – Pode me dizer mais alguma coisa sobre esse ano, que eu não tenha perguntado?
VANDER – Quero ressaltar a importância da parceria da população no que diz respeito ao nosso 197, o Disque Denúncia. Tivemos muito sucesso graças a ele e acredito que vamos continuar tendo em 2022. Por isso, encorajo a todos nessa cruzada contra o crime. Que a população possa estar novamente ao nosso lado para que consigamos baixar ainda mais os índices de criminalidade e continuar mantendo Anápolis como uma das cidades mais seguras do país.