O sumiço de seis jovens em Luziânia, no entorno de Brasília, relatado recentemente pela mídia mostrou o drama das mães que buscam o paradeiro de seus filhos. Em Anápolis há um fato semelhante. Selma de França Soares, de 51 anos, mãe de Gilvan de França Soares, que trabalhava na leitura medidores de energia, desaparecido desde o dia 22 de Setembro de 2009, relatou como tem passado os dias de espera por notícias dele. “Meu filho saiu de casa por volta das 22h30. A informação que tivemos é que ele foi visto naquele dia em companhia de alguns conhecidos na Vila João Luiz de Oliveira”.
Ela também revelou o sentimento deixado pelo desaparecimento do jovem. Nem todos são capazes de falar sobre o drama que estão sentindo. “É muita dor, mas mesmo que não o encontrem vivo, eu tenho esperança”. Entretanto ela afirma que no caso de morte, ela prefere não ter notícia do caso, nem procurar detalhes do ocorrido. “Eu não queria ter uma lembrança dessa aí do meu filho”, afirma.
De acordo com Selma, seu filho Gilvan era tranquilo, dedicado aos afazeres de casa e bem relacionado com o restante da família. “Era uma pessoa especial. Os sobrinhos não saiam de perto dele para ganhar balinhas”, lembra. “Se ele fazia alguma coisa errada lá fora eu não sei, mas para nós ele é uma pessoa especial.
Os casos de desaparecimentos deixam para as famílias a dúvida quanto ao estado da vítima. O conflito por que passam os pais, principalmente, se dá pelo fato de não saberem se o filho se encontra vivo ou não. “Eu não consigo sair dessa dor porque até hoje não tive uma resposta. Dia 22 agora, vão se completar cinco meses. Eu só peço que descubram onde que está o meu filho. Eu só quero saber onde ele se encontra. Se o mataram, não quero nem saber quem foi”, completa.
A mãe de Gilvan descreve como “inferno” o que vive pela ausência do filho. “Eu ouço passos dele chegando, eu o vejo chegando”, diz. Ela relata que quando viaja, chega em casa e percebe que o filho não está. Aí, é impossível segurar o desespero.
O isolamento também é comum nesses casos. Selma afirma que sua rotina foi completamente alterada depois do desaparecimento de Gilvan. “Eu me isolei. A coisa mais difícil era me encontrar em casa, passeava demais. Agora, nem na casa de parentes quero ir”, reforça. Segundo ela, isso se dá com o objetivo de esperar o filho chegar em casa.
Ela, que registrou ocorrência na época, afirma que não tem encontrado respostas por parte das autoridades competentes e não tem encontrado apoio para a solução do caso de seu filho. “A única ajuda que recebi foi de um major de Goiânia, que pediu o apoio de um bombeiro amigo seu”. Ela afirma que foi maltratada por um delegado em de Goiânia por telefone.
Selma assumiu a procura pelo filho, passando por locais onde supostamente ele teria passado. “Eu fui para Pirenópolis atrás dele. Aqui em Anápolis fui aos lugares onde diziam que ele poderia estar”, afirma.
Para Selma, seu filho não era uma pessoa de muitos amigos. “Ele tinha colega de bebedeira, mas amigos ele tinha nós que somos seus pais”, afirma. O maior apoio nesse sentido vem da namorada do rapaz, que visita constantemente a casa de Selma, e de membros da igreja em que ele frequentava.
Conheça o caso, em relato da própria mãe de Gilvan
“Esse dia mesmo que Gilvan saiu, ele não tinha saído na sexta, não tinha saído no sábado, nem no domingo, nem na segunda. Quando foi na terça-feira (22 de setembro de 2009) à noite ele saiu. Era por volta de sete horas da noite. Depois ele voltou aqui e saiu de novo, às dez horas aproximadamente. Ele perguntou assim: mãe, a senhora não viu assim um número de telefone não de não sei quem? Eu falei assim: não, não vi não. Ele, então respondeu: só vou aqui e volto, e saiu na moto. A moto dele ficou na porta dessa mulher aí (uma conhecida) dessa casa. Ninguém tocou na moto. O apelo que eu quero fazer é que se alguém souber de alguma coisa, se viram alguém o pegando, viu alguma coisa e, tudo, que possa entrar em contato comigo, que eu não vou divulgar pra ninguém, eu quero que as pessoas me ajudem a encontrar o Gilvan, vivo ou morto, mas que eu possa ter uma solução e, finalmente descansar sossegada” concluiu.
O caso de Luziânia
O caso de Gilvan se assemelha ao desaparecimento de seis jovens em Luziânia, justamente pelo mistério que cerca o fato. Os pais não sabem dizer ao certo se o rapaz era envolvido com drogas ou quem era a sua companhia fora de casa. Entretanto, afirmam que ele já foi preso por furto e roubo. Para eles, no entanto, não existem indícios de que o fato, ocorrido em 2005, tenha relação com o desaparecimento. “O pessoal acha que porque teve passagem (pela polícia) então tinha que morrer mesmo”, reclama o pai de Gilvan, Ildefonso Soares (53 anos), recordando o fato de as pessoas relacionarem o seu sumiço com uma prisão em 2005. Ele completa dizendo que o filho não devia a ninguém e sempre avisava para onde ia.