A euforia das compras que toma conta do Brasil tem algumas explicações. A maioria não convincente. Não é errado dizer que o País está saindo da crise, mas, totalmente certo, não é. O dinheiro derramado na economia, principalmente junto à classe trabalhadora, é um dinheiro que estava na reserva, ou seja, guardado para alguma emergência. O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) foi criado para, justamente, isso: quando o trabalhador perde o emprego tem, em tese, uma segurança até que encontre outra colocação. Mas, quando esse dinheiro é retirado para pagar contas, a diferença é grande. O mesmo se pode afirmar com respeito ao PIS e a outros programas sociais que resguardam, em parte, os recursos econômicos dos assalariados.
Desta forma, já que o Governo liberou e os trabalhadores não hesitaram em sacar os valores, o consolo é saber gastar, mesmo que sejam os 500 reais (limite máximo de saque por conta do FGTS) e, deles, fazer o uso racional. A sedução pelas compras, em muitos dos casos, desnecessárias, pode custar caro lá adiante. É esse o perigo em que milhões de brasileiros incorrem. Numa eventualidade futura, o trabalhador não terá onde se socorrer.
Diante de tudo isso, parece mais razoável e mais sensato, que o Governo comece a pensar, imediatamente, em projetos saudáveis, como a geração de empregos. Certamente que os brasileiros, em sua maioria, se sentem humilhados e desvalorizados quando vão para as filas do Seguro Desemprego, para os projetos sociais, as cestas básicas da vida. O justo seria que eles tivessem todo mês o salário pelo trabalho realizado.
Agora, na passagem de ano, por exemplo, o perfil generoso da população brasileira vai dar um alívio. As ONGs e entidades afins vão se mobilizar para doarem cestas de alimentos, brinquedos para as crianças filhas de famílias pobres e outros tipos de ajuda, por sinal, muito bem vindas. Acontece que, esta euforia dura alguns dias apenas. Acaba o Natal, acaba o Ano Novo e tudo volta à rotina. Desempregado vai continuar desempregado. Dívidas não pagas vão crescer. Compromissos não resgatados permanecerão. E, a única alternativa é ganhar dinheiro. Só que, dinheiro se ganha com trabalho. E só se trabalha se tiver emprego. Este, sim, é o grande desafio que deve ser encarado com maior seriedade pelos governantes.