Boa parte da comunidade brasileira ainda não entendeu, direito, o que o Governo Federal quer com o contingenciamento dos recursos destinados às universidades públicas do País. A impressão que fica é a de que estaria sobrando dinheiro nas unidades, ou as verbas estariam sendo mal aplicadas. Daí a decisão de se enxugar o orçamento das referidas escolas superiores. As universidades sempre jogaram um papel importante no desenvolvimento de qualquer nação. No Brasil, basta retroagir a época do Império para saber que tais escolas sempre tiveram singular importância para o desenvolvimento socioeconômico e cultural da gente brasileira.
A alegação do Governo Federal é de que esse dinheiro vai ser redirecionado para a educação de base, ou seja, na preparação de crianças e jovens para a universidade. No meio disso, ficaria, então, o ensino técnico, para a preparação de mão de obra qualificada, mais rápida e mais aplicável no mercado trabalhista, para o preenchimento das vagas existentes, mas que não são ocupadas por falta de candidatos à altura. Seria isso.
Acontece que este assunto não está sendo bem explicado para a comunidade escolar e o sonho de todo pai em ver o filho “doutor” pode ficar mais distante do que já é. Além disso, pode custar caro politicamente ao Governo. Sem contar que, no aspecto global, tem-se como certo que os países mais desenvolvidos, mais produtivos, mais ricos e mais evoluídos, têm como fator preponderante as escolas de nível superior com boa qualidade. São instituições seculares na Europa, principalmente, que formaram as maiores personalidades da medicina; da engenharia; da advocacia, da literatura e de incontáveis outras vertentes sociais que muito colaboraram para a evolução dos povos através dos tempos.
Desta maneira, o Governo Federal teria de pensar, bem pensado, o que pretende fazer para a sociedade brasileira, quando fala em tirar dinheiro das universidades. Uma coisa é aplicar, bem, o dinheiro, evitar o gasto desnecessário. Outra coisa é tirar das instituições, os recursos indispensáveis para o seu funcionamento. Neste caso, o dano pode ser irreparável.