A defesa alega motivação de “rancor” das estudantes por reprovações por falta de capacidade
Um professor efetivo da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Campus Anápolis, está no centro de uma investigação por crimes de assédio moral e sexual contra ex e atuais alunas.
As denúncias vieram à tona após uma estudante de 24 anos formalizar uma queixa na Ouvidoria da instituição e na Polícia Civil, em junho deste ano.
Outras quatro mulheres também registraram ocorrências, relatando condutas inapropriadas por parte do docente.
Defesa alega “rancor”
O advogado de defesa do professor, Wilson de Oliveira Araújo, atribuiu as acusações a um suposto “rancor” das alunas, alegando que as denúncias têm motivação de vingança pelas reprovações ocorridas nas disciplinas ministradas pelo docente.
De acordo com a defesa, as reprovações seriam resultado da “pura falta de capacidade” das estudantes, que, por não terem sido aprovadas ou se sentido prejudicadas, teriam revidado com falsas acusações.
Araújo afirma que os supostos acusadores já estão sendo identificados e que tomará todas as medidas judiciais cabíveis, tanto na área cível quanto na criminal, contra cada um deles. (Veja abaixo nota publicada pela defesa do professor)
Histórico de assédios
O que chama a atenção é o suposto histórico de assédios morais e sexuais relatados pelas alunas, que apontam práticas abusivas por parte do professor desde os anos 2000.
As vítimas relatam que as investidas do docente aconteciam em diversos locais do campus, como salas de aula, laboratórios e corredores, inclusive na presença de outras pessoas.
Uma ex-aluna do Curso de Química relata ter sido humilhada em frente à turma por conta de uma nota baixa, enquanto outra, de Química Industrial, conta que foi tocada sem consentimento dentro de um laboratório e que o professor chegou a fazer propostas constrangedoras de envolvimento sexual.
Influência e poder
As alunas alegam que a falta de ação efetiva contra o professor ocorre devido à sua influência e poder dentro da UEG.
Ele já ocupou cargos de coordenação no curso, o que o tornava ainda mais inacessível e intimidador. Sentindo-se acuadas e impotentes diante das ações do docente, as vítimas afirmam que toda a comunidade acadêmica tinha conhecimento do comportamento abusivo.
Mobilização
As denúncias ganharam repercussão na imprensa, levando ex-graduandas e uma docente da UEG a se mobilizarem em um grupo para comunicar e tomar ações em relação ao caso. Atualmente, o grupo conta com 24 membros.
A universidade afirmou que prestou apoio à estudante que formalizou a denúncia e abriu uma sindicância para apurar o caso. A UEG enfatizou que não tolera qualquer tipo de assédio e, se comprovado, aplicará um processo administrativo que pode resultar em suspensão ou demissão do professor.
Nota do professor
“A defesa nega veementemente as mentirosas acusações que estão sendo divulgadas na mídia, as quais visam exclusivamente macular a honra do acusado perante a opinião pública, tendo em vista que não estão lastreadas em provas, mas tão somente em alegações vazias de pessoas que possuem algum rancor contra o acusado, especialmente por não terem sido aprovadas ou terem se sentido prejudicadas nas matérias que cursaram com o professor enquanto eram alunas dele, o que se deu, evidentemente, por pura falta de capacidade delas.
A defesa informa que todos os falsos acusadores já estão sendo identificados e que tomará todas as medidas judiciais cabíveis, tanto na área cível, quanto na área criminal, contra cada um deles.
A defesa já tem ciência que todas as acusadoras possuem um grupo no aplicativo WhatsApp e lá debocham do professor e fomentam suas mentiras. Sobre esse grupo, as provas serão apresentadas na Justiça e cada um dos participantes responderá na área cível e criminal pelo que vêm fazendo com a imagem do professor”.
Nota da UEG
“A propósito das informações solicitadas, a Reitoria da Universidade Estadual de Goiás (UEG) informa:
– A Universidade Estadual de Goiás recebeu no mês de junho denúncia sobre possível assédio sexual sofrido por uma discente de graduação por parte de um professor. A coordenação do Câmpus Central deu apoio à aluna e a orientou a formalizar o fato para a Ouvidoria.
– A discente não tem mais nenhum contato com o professor.
– No dia 6 de julho foram dados os encaminhamentos legais para a apuração dos fatos, como a abertura de uma sindicância. O processo está na fase de oitivas individuais das partes.
– Caso a sindicância apure o assédio, o rito formal é a abertura de processo administrativo disciplinar que prevê penalidades administrativas adequadas à gravidade do fato.
– As penalidades previstas vão desde suspensão até demissão.
– A Universidade Estadual de Goiás reitera que não tolera qualquer tipo de assédio”.