Em que pese ser um dos campeões mundiais na produção de alimentos, o Brasil tem contra si, uma triste estatística. A fome ronda milhões de lares nas pequenas, médias e, principalmente, nas grandes cidades. A FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) divulgou, recentemente, um relatório global no qual alerta que, atualmente, 828 milhões de pessoas em todo o mundo passam fome. No Brasil, são 15,4 milhões, mas, o total de pessoas em alguma situação de insegurança alimentar é quatro vezes maior: ultrapassa a marca de 60 milhões de brasileiros e brasileiras. E, acabar com a fome até 2030 é o segundo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável adotado pelos países que integram a Organização das Nações Unidas, dentre eles, o Brasil.
Mais de 300 atores dos setores produtivo, financeiro, acadêmico e ambientalistas, reunidos na Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, destacam que o alcance dessa meta passa pelo fim do desmatamento. Em documento enviado a organizações da sociedade civil e representações do setor produtivo, agências multilaterais, instituições financeiras e embaixadas, eles alertam que a produtividade do agronegócio nacional está atrelada aos serviços ecossistêmicos prestados pela floresta amazônica – entre eles, os famosos rios voadores (nuvens densas), já comprovados pela ciência.
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O combate ao desmatamento e a restauração das áreas desmatadas e degradadas, também, é uma potente fonte de empregos. O trabalho mostra que o Brasil pode gerar de um a 2,5 milhões de postos de trabalho diretos se alcançar a meta de restaurar 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030, conforme compromisso assumido pelo Governo Federal em 2017 no Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa.
Mas, a solução não é tão simplista assim. Não basta aumentar a produção se não houver cuidado com o transporte, o armazenamento e a distribuição racional dos alimentos. É sabido que uma grande porcentagem do que se produz fica pelo meio do caminho sem nunca chegar à mesa do consumidor. Falta de logística de transporte, falta de acompanhamento de preços, falta de políticas sociais para se democratizar e equalizar a distribuição. E, caso não se adotem medidas neste sentido, milhões de brasileiros continuarão a passar fome. Isto, num país onde, segundo a História (carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei de Portugal, assim que o Brasil foi descoberto), “Em se plantando, tudo dá”.