Proposta tem provocado muita discussão, antes mesmo de ir à plenário para votação. Autor, vereador Reamilton Espíndola, faz defesa do projeto
Uma proposta curiosa e polêmica está tramitando nas comissões técnicas da Câmara Municipal de Anápolis. A propositura, de autoria do vereador Reamilton Espíndola (Republicanos), quer instituir o Dia Municipal das Vítimas e Sobreviventes do Césio 137, em Goiânia.
O acidente radioativo ocorrido na capital, no ano de 1987, foi um dos maiores que se tem registro na história mundial, fora de uma usina nuclear.
Naquele ano, Goiânia recebia sedia, pela primeira vez, o Campeonato Mundial de Motovelocidade, que atraiu milhares de pessoas de outros estados e até de outros países para acompanharem a competição.
Foi nesse ambiente movimentado na cidade, no mês de setembro, que o acidente radiológico aconteceu, após o manuseio indevido de um aparelho de radioterapia abandonado em um local onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia.
A cápsula desse aparelho continha o césio 137. Partículas do produto, na forma de um pó azul brilhante foram espelhados no meio ambiente, provocando o espalhamento da contaminação com o elemento radioativo.
Exportações por Anápolis têm melhor resultado no quadrimestre desde 2011
Por conter chumbo, material de relativo valor financeiro, a fonte foi vendida para um depósito de ferro-velho, cujo dono a repassou a outros dois depósitos, além de distribuir os fragmentos do material radioativo a parentes e amigos que, por sua vez, os levaram para suas casas.
A manipulação do aparelho aconteceu no dia 13 de setembro, mas só no dia 29 é que se descobriu tratar-se de um acidente radioativo. Inclusive, foi feito um comunicado à Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, que por sua notificou a Agência Internacional de Energia Atômica –AIEA. Iniciando-se, assim um plano emergencial.
O fato ocorreu durante o governo de Henrique Santillo. Uma grande mobilização foi realizada na época, para evitar que a tragédia ganhasse maiores proporções. Policiais militares, bombeiros e técnicos da área de saúde foram envolvidos no trabalho.
Ainda com todos os cuidados e com toda essa mobilização, em certas localidades do país houve incidentes discriminatórios a goianos e ao Estado de Goiás, em decorrência do acidente.
Conforme foi noticiado, o acidente com o césio 137 em Goiânia gerou em torno de 3500 metros cúbicos de lixo radioativo. Todo esse material foi acondicionado em contêineres concretados e enterrados a vários metros da superfície, num local isolado em Abadia de Goiás, cidade distante a 23 quilômetros da capital. Desde então, tudo é monitorado pelo Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste, instalado pela CNEN.
Para fazer o acompanhamento daquelas pessoas que foram expostas à radiação, o Governo do Estado criou, em 1988, a Fundação Leide das Neves, que leva o nome de uma das vítimas da tragédia que marcou a história de Goiás.
Justificativa
O vereador Reamilton Espíndola afirmou, durante uma entrevista à Rádio Manchester, possuir um grupo num mensageiro de telefone celular, que tem pelo menos 70 pessoas de Anápolis que tiveram alguma forma, direta ou indireta, de envolvimento no acidente do césio e acredita que esse número seja maior.
O parlamentar relatou que uma das vítimas teria transportado alguns fragmentos de césio de Goiânia para Anápolis.
Por conta da tragédia, disse Reamilton, muitas famílias passaram por isolamento, hove perdas de vidas e o seu projeto- defendeu- tem o intuito de fazer com que essa página da história não seja esquecida.
No dia 13 de setembro, a data sugerida para o Dia Municipal, é o dia em que, neste ano, o acidente do Césio 137, em Goiânia, completa 35 anos.
“Portanto, essa é uma justa homenagem para todos os cidadãos goianos e anapolinos que, de alguma forma, foram afetados direta e indiretamente pelo Césio 137”, reforça o parlamentar na justificativa do projeto.
A proposta ainda está em tramitação nas comissões técnicas. Se houver parecer favorável, vai a votação em plenário e, caso seja aprovada, vai para sanção ou veto do Poder Executivo.