O projeto Ficha Limpa, de iniciativa popular, foi aprovado no Congresso Nacional e sancionado pelo presidente Lula. Teoricamente, isso significa que, daqui para frente, teremos eleições mais corretas, mais claras. Bem, teoricamente, sim, mas na prática a história é outra. Em primeiro lugar, porque a aplicação prática do projeto vai depender da celeridade da Justiça em julgar os processos dos políticos. Em segundo lugar, porque esse julgamento terá de ser em reunião do Pleno, ou seja, decisões monocráticas não valem. Com a aprovação do projeto na Câmara e no Senado, e após a sanção do presidente Lula, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) definiu que a lei da ficha limpa torna inelegível também os políticos condenados antes do dia 7 de junho, data em que a nova norma foi publicada no Diário Oficial da União, passando a valer, já nas eleições deste ano. Eleitor, estamos numa situação que você mesmo criou. A única diferença é que estamos muito mais conscientes, … E agora, José? (como disse Carlos Drumond de Andrade). Os Josés somos todos nós! A nossa responsabilidade começa aqui, quando escolhemos os nossos candidatos. Para começar, quem vota em troca de favores ou de presentes realmente não merece o respeito do candidato que o compra de quatro em quatro anos.O candidato bem intencionado é aquele que cumpre o seu papel em defesa dos interesses públicos, da moralidade e da transparência no uso do dinheiro que você paga de impostos, que orienta os indecisos e que tem uma vida limpa e publicável.O candidato justo vai aos cidadãos para mobilizar o colégio eleitoral, convocá-los para trabalharem juntos definitivamente, e tem um projeto político sólido para resgatar a cidadania, motivar os jovens e impor soluções sérias ao poder central. O candidato justo quer o orçamento participativo porque o homem público trabalha para você, é pago por você, e são as comunidades organizadas que têm de decidir em quê vai ser gasto o dinheiro que lhes cabe e quem vai fazer obras num sistema de concorrências limpas e transparentes. Vamos errar e acertar juntos, às claras? Tudo bem. O candidato justo não é um distribuidor de graças perto das eleições, mas aquele que trabalha sério e sempre. O que tem consciência da situação em que se encontram as mulheres, a trabalhadora do lar, silenciosa, sem horário definido, sem sindicato, sem salários, precisando de assistência médica e dentária, muitas vezes até de proteção dentro dos próprios lares. O eleitor justo é aquele que não é mais um omisso, que vai marcar de perto, exigir uma conduta respeitosa, exemplar, dos seus representantes. Façamos, então, um trabalho de conscientização para que 2010 seja um ano de eleições exemplares e que, mesmo que o Ficha Limpa não vingue, possamos escolher pessoas sérias para nos representar.
A “proibição” da liberdade de expressão
Nos últimos dias circulou nos veículos de comunicação de todo o país a fala do desembargador goiano Adriano Linhares sobre...