A cidade sofreu com muitas perdas. Mas, também, cumpriu missões importantes e adotou políticas que evitaram um maior agravamento da crise sanitária mundial
No dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciava aos quatro cantos do planeta que a epidemia do novo coronavírus se transformara em uma pandemia, ou seja, uma crise sanitária de proporção mundial.
De lá para cá, já são mais de 500 dias- mais precisamente 540 completados nesta sexta-feira (03/09) – em que vivemos uma situação muito parecida com aquela que já vimos em filmes de ficção científica. Porém, não é!
A realidade é que ao longo de todos esses dias passados, muitas pessoas perderam familiares e amigos. A pandemia ceifou a vida de pessoas de todas as idades e classes sociais, sem fazer distinção.
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Em alguns casos, várias pessoas de uma mesma família tiveram a vida interrompida pela Covid-19, a doença provocada pelo vírus descoberto no final de 2019, na China.
Nesse pouco tempo, para se ter uma ideia, mais de 581 mil brasileiros foram a óbito por agravamentos da doença, segundo os registros oficial desta quinta-feira (02/09), do Ministério da Saúde. No mundo, somam mais de 4,5 milhões os mortos.
Em Anápolis, até o fechamento da matéria, o boletim do dia 1º de setembro, precisamente, oficializava 1.606 óbitos; 52.837 casos confirmados e 50.599 pessoas curadas da doença.
Ressalte-se que não são números. São vidas! As estatísticas são um referencial para a sociedade e as autoridades de saúde possam entender a dinâmica da pandemia e fazer, cada qual dentro de sua responsabilidade, aquilo que deve ser feito para o enfrentamento da pandemia.
Histórico
O primeiro caso confirmado do novo coronavírus em Anápolis surgiu no dia 16 de março de 2020. No mesmo dia, o prefeito Roberto Naves anunciava as primeiras medidas restritivas para o enfrentamento da terrível doença no Município.
O primeiro registro oficial de óbito de um morador de Anápolis, ocorreu no dia 30 de abril de 2020. Foi uma mulher de 75 anos de idade, cuja identidade foi preservada.
Voltando um pouco no tempo, a cidade ainda tentava o que se passava no mundo com a pandemia, quando, então, o governo brasileiro buscava uma solução para trazer de Wuhan, na China, onde estava o epicentro da pandemia naquele momento, cidadãos do País que queriam voltar para casa.
Surgiu a proposta e depois se confirmou, o acolhimento dos repatriados na Ala 2 (Base Aérea de Anápolis). Num gesto nobre, a cidade entendeu que aquela era uma espécie de missão.
A partir daí, Prefeitura, Governo do Estado e o Governo Federal uniram esforços para receber a comitiva, que aterrissou na Base Aérea numa manhã fria e de chuva fina de domingo, dia 9 de fevereiro de 2020.
No total, eram 58 pessoas, sendo 34 repatriados e os demais integrantes da operação de resgate: a tripulação das duas aeronaves da frota presidencial, médicos, enfermeiros e assessores. Todos foram acomodados em dois hotéis existentes dentro do complexo militar, cercados de toda segurança e cuidados sanitários, sobretudo, a fim de se evitar que se houvesse algum contaminado, que a doença pudesse se espalhar. Felizmente, isso não ocorreu e, no dia 23 de fevereiro. Tudo isso, aos olhos da imprensa nacional e internacional, que deu destaque ao que estava ocorrendo em Anápolis.
Momentos difíceis
No início da pandemia, devido às medidas de restrição social e econômica, as pessoas tiveram de ficar recolhidas em casa. Somente os estabelecimentos de comércio e serviços essenciais funcionaram.
Tornou-se uma cena comum pessoas tocando e cantando nas sacadas dos prédios para alegrar os vizinhos. Uma espécie de solidariedade cultural, num momento que era marcado por muitas incertezas.
Com o fechamento do comércio, as ruas do centro da cidade ficaram praticamente desertas. A vida noturna nos bares também foi cessada, atendendo os protocolos de segurança. Assim como, também, por um bom período, até as celebrações religiosas ficaram interrompidas.
Pelo mesmo motivo, escolas e instituições de ensino superior tiveram de suspender as atividades presenciais e passaram a ofertar conteúdos didáticos pela internet.
Inaugurou-se na rotina de muitos trabalhadores do setor público e privado, o chamado teletrabalho.
A pandemia fez muita coisa se reinventar. E, algumas delas, pelo visto, vieram para ficar, como, por exemplo, a venda de produtos, principalmente, alimentos, pelo sistema de delivery.
Um esforço gigante e necessário para enfrentar o terrível adversário, que cada vez foi fazendo mais vítimas, muitas delas, fatais.
No dia 10 de agosto de 2020, a cidade registrava 5 mil pessoas infectadas pelo coronavírus, sendo que 125 haviam perdido a vida.
Enfrentamento
Anápolis, na pandemia, não se tornou referência, apenas, no acolhimento aos repatriados de Wuhan-China. Mas, também, pela formulação de estratégias e políticas públicas para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.
Para isso, inclusive, buscou apoio de anapolinos que têm nome projetado no cenário nacional na área de saúde, como é o caso da médica e pesquisadora Ludhmilla Hajjar, que esteve junto da Administração Municipal ajudando nessa difícil tarefa.
A cidade, com recursos próprios, montou uma estrutura própria para atendimento aos pacientes da Covid-19, transformando algumas unidades básicas de saúde em unidades de referência.
O Centro de Atendimento Norma Pizzari foi implantado e equipado para receber pacientes do Município com agravamentos da doença. A unidade começou a funcionar já em março de 2020 e depois, gradativamente, teve o número de leitos de internação e de UTIs expandidos. Um ano depois, em março de 2021, novos leitos de UTIs foram implantados no Hospital Geriátrico Alfredo Abrahão, com a doação de leitos de UTI por uma empresa. Aliás, várias empresas se juntaram na cruzada ao coronavírus na cidade.
No dia 18 de janeiro de 2021, a vacina chegou. Anápolis foi a cidade que deu o ponta-pé à vacinação no Estado de Goiás, começando com uma idosa de 73 anos de idade moradora de um abrigo.
A vacinação avançou e, hoje, os imunizantes estão chegando às populações mais jovens, inclusive, a partir de 12 anos de idade.
Parece, até, que foi ontem. Entretanto, muita coisa, portanto, aconteceu ao longo desses 540 dias. Muitas tragédias, perdas de vidas, muita agonia por parte de pessoas hospitalizadas. Muito prejuízo para as atividades econômicas e sociais.
Mas, também, foram 540 dias de muito aprendizado e resiliência. Ainda não terminou. Temos muito que aprender sobre a doença e a melhor forma de lidar com ela.
Contudo, é importante olhar no retrovisor, ver o que aconteceu, para que possamos fazer melhor em cada dia que passa. E, a expectativa de todos é que passe logo!
Linha do Tempo
- 26/2/2020- Primeiro caso de coronavírus registrado no Brasil
- 9/2/2020- Chega dos repatriados de Wuhan-China na Ala 2
- 23/2/2020- Liberação do grupo que ficou em quarentena na Ala 2
- 11/3/2020- A OMS declara a pandemia do coronavírus
- 13/3/2020- Goiás decreta Emergência de Saúde Pública
- 16/3/2020- Primeiro registro de caso do coronavírus em Anápolis
- 17/3/2020- Sai primeiro Decreto Municipal com medidas preventivas
- 26/3/2020- Primeiro óbito em Goiás, de uma moradora de Luziânia
- 27/3/2020- Início do funcionamento do Centro Norma Pizzari
- 27/4/2020- Anápolis adota decreto com matriz de risco
- 30/4/2020- Primeiro óbito oficial de uma moradora de Anápolis
- 30/6/2020- Início do sistema de rodízio no comércio da cidade
- 01/7/2020- Temporada do Rio Araguaia é suspensa pela primeira vez
- 31/7/2020- Aniversário de Anápolis passa sem festa
- 18/1/2021- Anápolis dá início à vacinação contra a Covid-19 em Goiás
- 18/3/2021- Prefeitura cria o ZAP do Coronavírus
- 07/5/2021- Cidade volta à matriz de risco leve
- 28/5/2021- Noticiado o surto de mortes em um abrigo de idosos
- 06/8/2021- Mais da metade da população recebeu primeira dose da vacina
- 09/8/2021- Retomada as aulas na rede municipal de ensino
- 01/9/2021- 52.837 casos confirmados; 50.599 curados; 1.606 óbitos