Após vídeo do cantor e ex-deputado Sérgio Reis incitando protestos para o sete de setembro, a adesão dos caminhoneiros ganhou nova abordagem no movimento. Muitos se dividiram já que o foco as manifestações previstas para o feriado são em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), fazer oposição aos ministros do STF e defender a volta do voto impresso.
Para lideranças mais antigas da categoria, que comandaram paralisações anteriores, a classe precisa manter o foco e se mobilizar para defender seus próprios pleitos. Para os caminhoneiros, é mais importante e especial a mudança na política de preços de combustíveis e a defesa para dos pisos mínimos para o frete.
O grupo, que não apoia as manifestações de cunho político, argumenta que foi traído pelo agronegócio após a paralisação de 2018 e não teria razões para apoiar os incentivadores da mobilização. No entanto, essa parcela crê que a decisão de participar ou não será, no fim, individual, pois novos caminhoneiros têm defendido a adesão, rachando a categoria e tornando a pauta econômica inexistente e difusa.
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Caminhoneiros que apoiam a mobilização afirmam que mais de 500 ônibus, com destino à Brasília, estão fretados, financiados por vaquinhas locais. Outros dois relatam terem recebido ligações de Antônio Galvan, presidente da Associação de Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), pedindo apoio para as manifestações. A casa do empresário do agronegócio foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal, em investigação de seu envolvimento no financiamento dos atos.
Dissociação
Representantes de alguns estados do país tentam dissociar os caminhoneiros do movimento e planejam se reunir em Brasília, no dia 18 de setembro. A razão para o encontro ser depois da semana da pátria é evidenciar que não há vinculação do grupo com os atos políticos. É possível que ali seja, de fato, organizada uma paralisação nacional.
Ronaldo Lima, caminhoneiro do Mato Grosso, diz que a grande paralisação de 2018 foi feita a partir da união dos caminhoneiros e do agronegócio. Porém, afirma que a classe se sentiu traída após a greve porque os empresários entraram com uma ação no STF questionando a constitucionalidade dos pisos mínimos de frete, uma das contrapartidas do governo do então presidente Michel Temer para encerrar os protestos.