Por Arthur Steckelberg
Enfim, mais um ciclo se completa. Fim de ano representa um período de planejamento, reflexão e – claro – festividades! Seja seguindo tradições religiosas ou celebrando conquistas e desafios superados, todos já estamos no clima típico de Natal e Ano Novo. No entanto, este ano vivemos uma realidade bem diferente dos últimos que se passaram. Mesmo com esforços globais e avanços significativos, a pandemia persiste e vamos precisar de bastante responsabilidade para manter velhos costumes. Uma coisa apenas é certa: nada nos impede de encerrar 2020 com boas cervejas! Por isso, indicamos alguns estilos para harmonizar suas festividades.
Weissbiers (Weizenbiers)
Cervejas de trigo alemãs são conhecidas por serem a “porta de entrada” para o universo artesanal. Isso porque apresentam uma complexidade inesperada para os iniciantes, sem sabores agressivos ou “assustadores” para o paladar leigo. Esses estilos apresentam aromas de cravo e banana, corpo médio e alta carbonatação. Tais elementos resultam em uma cerveja versátil para hamornização. Para versões mais claras (Hefeweizen e Kristallweizen), prefira pratos menos intensos, como carnes grelhadas. Versões mais escuras (Dunkelweizen e Weizenbock) podem harmonizar pratos mais intensos ou mesmo sobremesas.
Saison
Um estilo francês, em que tradicionalmente se adicionam frutas ou ingredientes da estação – por isso o nome. É uma cerveja clara e meio adocicada, com baixo amargor de lúpulo e aromas frutados. Assim como as Weissbiers, também transborda versatilidade em suas harmonizações. Os parâmetros de cor, sabor e teor alcoólico podem variar conforme processos de fabricação e ingredientes sazonais da receita.
Bière de Garde
Mais um estilo francês, porém desenhado como estilo de guarda, como sugere o nome. Apresenta cores entre o âmbar e o castanho, aromas frutados e teor alcoólico entre moderado e intenso. O tempo de guarda pode conferir mais complexidade ao sabor da cerveja. Um ótimo substituto para vinhos tintos menos austeros, como Merlot ou Malbec.
Lambics
Mais propriamente uma categoria que um estilo, as cervejas tipo Lambic são originárias da Bélgica. Apresentam aromas frutados e notas “selvagens” (couro, tabaco, celeiro etc.), resultado de seu processo único de fermentação espontânea. Com teor alcoólico moderado e atenuação alta, lembra-nos o perfil de vinhos brancos com maturação em carvalho. Queijos intensos são uma boa pedida.
Trapistas
São as famosas cervejas belgas feitas por monges beneditinos, da Ordem de Cister. Comercialmente, encontramos três estilos trapistas: Dubbel, Tripel e Quadrupel. São complexas e encorpadas, classificadas de acordo com o teor alcoólico (“dupla”, “tripla” e “quádrupla”). A Dubbel e a Quadrupel são escuras, e a Tripel é clara. Alguns podem se sentir desconfortáveis em associar o consumo de álcool (além do vinho) a rituais cristãos. Para esses monges belgas, trata-se de uma bebida sagrada. Lembre-se: quanto mais intensa a bebida, mais intenso deve ser o prato.
Bohemian Pilsener
Você tem o maior trabalho pra escolher uma cerveja complexa, diferenciada e inusitada para impressionar o pessoal. De repente, chega seu tio, bebedor de “Pilsen”, prova um gole e reproduz aquele infame comentário: “mas nem parece cerveja isso!”. Uma boa maneira de agradar ao seu tio é apresentar-lhe o estilo que originou os exemplares convencionais. Mostre para ele que as artesanais vão além do rebuscado e complexo. Nesse estilo, elegância e simplicidade caminham juntas!
Cerveja Zero Álcool
Para quem não consome álcool – e detesta aquelas sidras -, as cervejas zero se apresentam como a solução perfeita! Semana passada, falamos um pouco sobre essas cervejas, que são uma opção segura e saudável para os amantes do malte. Embora haja preconceito, garanto que exemplares recentes do mercado apresentam sabor mais agradável aos de antigamente!
Vivemos uma conjuntura atípica. 2020 se mostrou um ano desafiador para toda a humanidade e espero que saiamos dessa melhor do que entramos. Todos querem muito abraçar, comemorar e se aproximar dos amigos e familiares. Contudo, precisamos de muita cautela e consciência. Aprendemos que é possível estar próximo mesmo estando longe. Convido os leitores a encerrar o ano com responsabilidade e boas cervejas. Não nos esqueçamos de que tudo vai passar e lembremo-nos do que é realmente importante:
Saúde! E, se for dirigir, não beba!
Arthur Steckelberg- Sommelier de Cervejas pela Doemens Academy, com experiência em atendimento especializado, análise sensorial técnica e julgamento de concursos.