Nos últimos meses, a inflação voltou à ordem do dia das famílias, devido à escalada no preço de diversos produtos e serviços. E o pior é que podem vir mais aumentos por aí, sacrificando o orçamento familiar
José Aurélio Mendes Soares
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), medido para a capital do Estado (Goiânia) registrou, no mês de junho, alta de 0,61%. É a quarta taxa positiva neste ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com mais esse resultado o acumulado no ano vai a 4,02%, maior valor desde 2015, e o acumulado dos últimos 12 meses vai a 9,19%, o maior índice da série histórica.
De acordo com o último relatório do IBGE, o índice nacional, que representa a prévia da inflação oficial, ficou em 0,83% em junho, acelerando em relação ao mês anterior ao registrar 0,39 ponto percentual acima da taxa de maio (0,44%). O acumulado em 12 meses é de 8,13%. Acima dos 7,27% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Com alta de 1,43%, os Transportes continuam sendo a principal influência no índice. Os combustíveis subiram 3,00% no mês de junho, acumulando 26,04% no ano de 2021 e 54,40% nos últimos 12 meses.
O etanol, foi o item que mais aumentou em 2021, variou 5,63% no mês e já acumula 36,47% no ano e 65,00% nos últimos 12 meses.
Em seguida, na lista de altas, vem o óleo diesel, que variou 2,21% em junho e chega a 25,14% no ano e 43,95% nos últimos 12 meses. A gasolina subiu 2,50% no mês e totaliza 24,07% no ano e 52,77% nos últimos 12 meses.
Transportes, Artigos de residência e Habitação também pressionam a alta do mês. A análise por grupos mostra que, dos nove pesquisados, sete apresentaram alta na prévia da inflação.
Além do aumento dos Transportes (1,43%), os crescimentos ocorreram também nos grupos: Artigos de residência (1,29%), pressionado pelas variações do televisor (4,04%), que já acumulada alta de 11,64% em 2021, do refrigerador (3,59%), que acumula avanço de 13,98% nos últimos 12 meses; Habitação (0,95%), quarta crescimento no ano, puxado principalmente pelas altas da energia elétrica residencial (2,69%), quarta alta no ano, sendo a segunda consecutiva, acumulando avanço de 6,44% nos últimos 12 meses.
Reflexos
De acordo com o economista e professor da UEG em Anápolis, Júlio Paschoal, a previsão é de piora no cenário. Principalmente, diz, por conta do aumento dos combustíveis.
Segundo ele, a alta, principalmente do diesel, significa aumento do frete, ou seja, do transporte de todos os produtos.
Dessa forma, quando o combustível aumenta, o consumidor acaba pagando mais caro por tudo aquilo que consome.
“Esse reflexo ainda está por vir nos índices e pesquisas que começam a serem compostos agora”, resume.
Para Paschoal, são três os vilões da inflação hoje. O primeiro deles é a alta do dólar, que no ano passado subiu 40% e já acumula alta de 25% em 2021. Como o petróleo é uma “commoditie”, é cotado em dólar. Quando essa moeda sobe, sobe o preço nas bombas. O segundo é a falta de matéria prima para as indústrias, por causa da queda na produção durante o isolamento resultante da pandemia, o que elevou bastante o preço dos insumos.
E o terceiro é o aumento das exportações. Com o dólar mais caro, os produtos brasileiros têm baixo preço no mercado internacional, o que facilita a venda para outros países.
“Nisso, o produtor brasileiro prefere exportar e receber em dólar ao invés de vender mais barato no mercado interno. O que sobra, acaba sendo consumido no país com preços que acompanham essa valorização, aumentando a inflação”,
conclui o professor.