Operação investiga o suposto desvio de R$ 120 milhões doados por fiéis para “o pagamento de despesas pessoais dos investigados e para aquisição de imóveis”
Ana Rita Noronha
A Justiça suspendeu, na última sexta-feira (4), a decisão da 1º Câmara Criminal do dia 6 de outubro que trancava o inquérito contra o Padre Robson de Oliveira Pereira, fundador e ex-presidente da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe).
A retomada das investigações ocorre menos de dois meses após a decisão do desembargador Nicomedes Domingos Borges, que foi acompanhada pela turma da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), ter mandado suspender as investigações. Na ocasião, Nicomedes entendeu que não existiam provas suficientes de que o Padre Robson, alvo da Operação Vendilhões, havia utilizado dinheiro de doação de fiéis para fins impróprios.
O sacerdote sempre negou as acusações. Ele se afastou das atividades na Igreja Católica durante a apuração.
Em nota, a defesa de padre Robson afirma que a decisão que reconheceu não haver qualquer ilegalidade na Afipe continua intacta e que essa é a verdade. “A decisão referida apenas faz com que se aguarde a confirmação, pelo STJ, do Habeas Corpus, concedido pelo TJ-GO, nada além disso”, diz o comunicado. Por fim, a defesa afirma que os assuntos internos da associação “são de interesse exclusivo dela e não do MP”.
Relembre as acusações
Em agosto deste ano, o Padre Robson, que fundou e mantinha a Associação Filhos do Pai Eterno, Associação Pai Eterno e Perpétuo Socorro, Associação Filhos do Pai Eterno e Perpétuo Socorro (Afipes), se viu no centro de um escândalo envolvendo denúncias, por parte do Ministério Público, de organização criminosa, apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e sonegação fiscal, supostamente cometidos pela diretorias das Afipes por meio de empresas de fachada e laranjas.
Conforme apontado pelo MP-GO na Operação Vendilhões, doações feitas por fiéis de todo o país para o custeio das atividades da Afipe e para o pagamento das obras e projetos de cunho social realizadas pelas entidades estariam sendo usadas pela diretoria para “o pagamento de despesas pessoais dos investigados e para aquisição de imóveis”. Entre esses imóveis, conforme apurado pelo MP-GO, estariam fazendas e casa de praia, “os quais, a princípio, não se destinam ao atendimento dos seus propósitos religiosos”.
Ainda de acordo com as investigações no âmbito da Operação Vendilhões, os investigados estariam, também, envolvidos em um esquema criminoso criado pelo Padre Robson para desviar verbas da Afipe, com consequente “dissimulação e ocultação dos recursos, por meio de ‘laranjas’ e empresas de ‘fachada’ e, assim, dificultar o rastreamento da origem do dinheiro.