Desde o período de redemocratização até as eleições mais recentes, aproximadamente dois terços dos senadores eleitos têm vínculos familiares com políticos já estabelecidos.
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De acordo com um estudo realizado pelo cientista político Robson Carvalho, doutorando da Universidade de Brasília (UnB), dos 407 mandatos disputados nesse período, 274 foram ocupados por indivíduos com conexões familiares com políticos já em exercício, representando 67% dos cargos.
Isso sugere uma dinâmica em que os senadores acabam herdando capital político de suas famílias e se beneficiam do reconhecimento do sobrenome durante as eleições.
DESIGUALDADE POLÍTICA
Robson Carvalho ressalta que essa realidade reflete uma reprodução de desigualdades políticas, prejudicando o recrutamento institucional, a igualdade de oportunidades, e a representatividade de gênero e raça na democracia. Segundo ele, o Senado frequentemente parece ser ocupado por uma elite política que se sucede como numa monarquia, transmitindo o poder por hereditariedade e consanguinidade.
A pesquisa também revela que, dos 407 mandatos disputados, 363 foram ocupados por homens, representando 89% do total, enquanto apenas 44 vagas foram ocupadas por mulheres. As quatro mulheres negras eleitas para o Senado nesse período foram Marina Silva, Benedita da Silva, Eliziane Gama e Fátima Cleide.
O estudo destaca que o fenômeno da herança política não se limita a uma região específica do país, mas é uma realidade em todos os estados brasileiros.
A análise das eleições para o Senado entre 1986 e 2022 mostra que a herança política é uma característica presente em todas as regiões, não se restringindo ao Nordeste, como muitos poderiam supor.
Além disso, a pesquisa aponta que a representação de mulheres no Senado é extremamente limitada, com alguns estados nunca tendo eleito uma senadora. A falta de diversidade política enfraquece a democracia brasileira, pois exclui a representação de grupos que compõem a maioria da população.