Informações do Sistema Nacional de Empregos (SINE) de Anápolis apontam que, apesar de se qualificarem mais, as mulheres têm mais dificuldades de achar o seu espaço no mercado de trabalho. Tal situação é confirmada pelo número de inscrições no órgão, que apontam uma maioria de contratações de homens no Estado de Goiás. Segundo estimativas, em 2010, 56.862 mulheres e 75.791 homens se inscreveram no SINE à procura de emprego.
As contratações femininas somaram 9.532. Já as masculinas totalizaram 20.452. Para Marina Quireza Silva, coordenadora do SINE em Anápolis, “faltam oportunidades para as mulheres. As empresas precisam flexibilizar mais as vagas”. Com relação ao município de Anápolis, ela enfatiza: “aqui não é diferente. Apesar das inúmeras tentativas de contato com os setores de recursos humanos das empresas, muitas ainda hesitam em abrir mais vagas para mulheres”.
No momento, O SINE está com 720 vagas de emprego abertas no Município. “Destas, talvez nem 20% sejam para mulheres”. Outro problema apontado é quanto ao tipo de trabalho reservado para o público feminino. De acordo com a coordenadora do SINE, “apesar do progresso, as vagas para mulheres ainda estão mais ligadas a setores como culinária e costura. Recentemente, houve contratações de mulheres para vagas de vigilante e motorista, mas o número ainda é pequeno com relação ao total de ofertas”.
Entre as principais causas apontadas para a restrição das empresas à contratação de mulheres está o tipo de trabalho que deverá ser executado. “As empresas não declaram isso, mas acreditamos que as vagas que exigem um maior esforço físico são reservadas para os homens”. “Além disso, alguns setores argumentam que a mulher agrega diversos papéis, como mãe e dona de casa, o que pode prejudicar a produtividade dentro da empresa, que visa o lucro imediato”, concluiu a coordenadora.
Apesar da falta de oportunidades, as mulheres têm mostrado mais disposição para trabalhar. Além disso, o cuidado com os detalhes faz com que o público feminino acabe se tornando mais produtivo que o masculino. “As mulheres são caprichosas, determinadas, fazem as coisas com mais objetividade. Além disso, no geral, elas possuem um nível de escolaridade maior que o dos homens”.
Essas informações são confirmadas por Isaias Ferreira Filho, diretor das Comissões de Trabalho do Sindicato da Indústria da Construção e do Mobiliário de Anápolis. “No caso da construção civil, a presença da mulher, além de tornar o ambiente de trabalho mais agradável, agrega mais produtividade. Elas possuem mais instrução, são mais frequentes no trabalho e tratam melhor os colegas de profissão”, afirmou.
Quando o assunto é salário, as mulheres se mostram mais flexíveis do que os homens. De acordo com Marina Quireza, “as mulheres não escolhem muito. Para chegarem aonde querem, e alcançarem uma posição de destaque, elas estão dispostas a entrar na empresa em uma função de menor remuneração”. Já para Isaias Ferreira Filho, “as mulheres são mais justas com as empresas na hora da entrevista de emprego. Os homens são mais exigentes no quesito salário”.
Legislação trabalhista
Com relação às leis que protegem os trabalhadores, o representante do Sindicato da Indústria da Construção e do Mobiliário de Anápolis afirmou que “as empresas são preocupadas com a legislação trabalhista, por acreditarem que as mulheres são mais protegidas que os homens em certos sentidos, como direito a licença-maternidade”. Para ele, “deveria haver por parte do Governo, uma contrapartida e maior flexibilidade, para que as empresas pudessem contratar mais mulheres”.
Já a coordenadora do SINE afirmou que não há, por parte das empresas, qualquer informação sobre a legislação ser ou não restritiva com relação às mulheres. “Pode ser um fator que atrapalha, mas não há como estimar isso, já que o setor patronal não diz nada a respeito”, afirmou.
Alternativas
Para driblar a falta de oportunidades imposta pelo mercado, muitas candidatas buscam se qualificar. “Esse é o segredo, a pessoa não pode ficar parada. Para que as mulheres continuem alcançando o seu espaço, elas precisam aprimorar o seu grau de instrução”, afirmou Marina.
Durante a realização desta reportagem, o Jornal Contexto conheceu o caso de Maria Martins R. Batista, 42, auxiliar de enfermagem, que procurava emprego no SINE de Anápolis.
Para ela, o caminho da qualificação começou depois que seu marido saiu de casa. “Ele me prendia muito, eu não podia trabalhar. Depois que ele foi embora, tive que buscar meu próprio caminho”. Para ocupar seu espaço e aumentar sua qualificação, Maria pretende participar de cursos na área de Segurança do Trabalho. “Agora que estou livre para fazer o que quero, vou me aprimorar cada vez mais”, afirmou.
Para Marina Quireza, fatores culturais também influenciam a inserção da mulher no mercado de trabalho. Para ela, casos como o de Maria Martins são comuns, uma vez que “vivemos em uma sociedade tradicional, em que o contexto das famílias impõe às mulheres que fiquem dentro de casa, cuidando dos afazeres domésticos”.
Dicas
Alguns passos são importantes para quem procura uma vaga no mercado de trabalho. O SINE aponta os principais:
• Seja mais flexível. É preciso paciência para crescer dentro da empresa. Muitas vezes, é necessário aceitar salários mais baixos no começo.
• Qualifique-se. O mercado procura pessoas que estejam qualificados para os cargos em que desejam trabalhar. Por isso, conheça cada vez mais sobre a sua área.
• Seja ético. O profissional deve agir em sintonia com a empresa em que trabalha, por meio de atitudes construtivas, mas sem abrir mão da ética.
• Assuma uma postura proativa. O profissional tem que estar disposto a executar tarefas fora da função para a qual foi contratado. Para isso, é preciso disposição e espírito de equipe.
• Valorize-se. Fatores como idade e sexo restringem, porém não impedem o acesso ao mercado de trabalho. Segundo dados do SINE Anápolis, em 2010, mais de quatro mil pessoas com idade a partir de 40 anos já foram contratadas por meio do órgão em Goiás.
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