Uma pequena viagem no túnel do tempo para marcar os 116 anos de Anápolis, com alguns fatos ocorridos na cidade, envolvendo a cobertura na Câmara Municipal, um processo na Lei de Imprensa, um passeio na educação e uma liderança do PT light, números de eleições passadas e muito mais neste CONTEXTO Político especial.
Memórias do Legislativo

A cobertura na Câmara Municipal de Anápolis gera fatos que ficam marcados na história e na memória.
Uma das lembranças foi o fatídico dia em que o então vereador Cabo Jacinto (PR), num gesto impensado, pediu que se fizesse um minuto de silêncio a Bin Laden. Isso mesmo, ao terrorista que foi um dos “arquitetos” dos ataques de 11 de setembro, nos Estados Unidos, em 2001.
O fato ocorreu na sessão ordinária do dia 2 de maio de 2011, quando foi anunciada a morte de Osama Bin Laden. Na sessão, pouca gente deu atenção, mas logo o fato veio à público e o parlamentar passou dias sob assédio da imprensa nacional e internacional, inclusive, de países árabes. Ele bem que tentou justificar, dizendo que o pedido de silêncio seria em honra a dois moradores da cidade.
Mas, como rastilho de pólvora, a notícia correu e ele ficou em maus lençóis por um bom tempo.
Batalhas na tribuna

Ainda, na Câmara Municipal, num passado não muito distante era uma verdadeira guerra travada na tribuna entre os vereadores da base e a oposição ao então prefeito Wolney Martins.
Na liderança do Executivo, tinha o vereador José de Lima e, do outro lado, o mais ferrenho entre os opositores, Egmar José de Oliveira. Os embates ocorriam todos os dias e, vez por outra, a temperatura subia acima do normal, vereador tirava paletó e chamava “para fora”.
Como o acirramento era grande, os vereadores solicitavam ao então presidente Fernão Ivan José Rodrigues, que os seus discursos fossem transcritos na íntegra no boletim da casa.
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Nesta época, atuando na assessoria daquela Casa de Leis, tinha de atender aos pedidos. Ou, pelo menos, tentar, porque as falas eram grandes e o tal boletim acabava virando quase um livro de ata.
As sessões eram à tarde e a confecção desse boletim ia noite adentro, no prédio da Praça 31 de Julho.
A charge

Uma das primeiras entrevistas que fiz como repórter, em início de carreira, foi com o então senador Onofre Quinan, que era uma grande liderança do MDB em Anápolis, além de um empresário poderoso.
Algum tempo depois dessa entrevista, o Jornal O ANÁPOLIS, que tinha como editor o respeitado jornalista Dilmar Ferreira, publicou uma charge que foi considerada ofensiva pelo senador.
Ele, então, processou o jornal e eu já iniciando como editor, acabei sendo o alto desse processo, porque assim era o procedimento nos casos da lei de imprensa. O juiz que estava à frente disse, na audiência, que aquele era seu primeiro caso com base nessa lei.
“Estou frito”, pensei. Mas, felizmente, o processo foi encerrado, porque nada tinha para prosperar. Mas não foi uma coisa boa. Porém, tornou-se mais um aprendizado no jornalismo político.
Passeio na educação

Conheci pouco, mas guardo admiração pelo ex-prefeito Anapolino de Faria. Certo dia, ele convocou a imprensa local para uma coletiva.
Na chegada ao Centro Administrativo, éramos aguardados no horário preciso e lá havia um ônibus.
Para surpresa dos que lá estavam, não éramos muitos à época, fizemos uma espécie de tour na cidade, passando por várias escolas, onde havia melhorias realizadas pela Prefeitura e, mesmo, naquelas em que não havia, mas ele fazia questão de mostrar também. Ele dizia que o lema de sua gestão era: “Educação, educação e educação”.
Foi um tour interessante, cortando a cidade e tendo uma conversa aberta e franca.
PT light

Na memória política de Anápolis, vale lembrar de um nome que hoje, talvez, seja desconhecido de muitos e, embora nunca tenha sido eleito, teve um protagonismo importante no cenário político-partidário de Anápolis.
Trata-se do empresário Luiz Antônio de Carvalho, fundador do antigo Grupo Coplaven, que faleceu no final de janeiro do ano passado. Ele foi candidato a Prefeito de Anápolis, em 1988, pelo Partido dos Trabalhadores.
Na época, por a cidade ter uma raiz muito forte na área empresarial, temia-se muito o partido que surgira na classe operária, no ABC paulista.
Luiz Antônio ajudou quebrar essa barreira, porque era um empresário bem-sucedido e carregava a versão do PT light. Isso, certamente, ajudou com que, mais tarde, o PT viesse a conquistar a Prefeitura da cidade, deixando de lado aquele tabu que existia.

- No pleito de 2008, a chapa Antônio Gomide (PT)/João Gomes (PT) venceu as eleições em segundo turno, com 122.245 votos (75% dos votos válidos), ficando em segundo a chama Onaide Santillo (MDB)/José Caixeta, com 39.394 votos (24,37%).
- Em 2012, o PT repetiu a chapa (Antônio Gomide/João Gomes) e venceu novamente a eleição, no primeiro turno, com 167.196 votos (88,93%), ficando em segundo a chapa José de Lima (PDT)/Maristela Silva (PTC), com 6.810 votos (3,62%).
- Na eleição de 2016, a chapa João Gomes (PT)/Eli Rosa (PP) venceu o primeiro turno com 53.988 votos (29,92%). A chapa Roberto Naves (PTB)/Márcio Cândido ficou atrás, com 38.913 votos (51,56). No segundo turno, a chapara liderada por Roberto Naves virou e venceu por 88.730 votos (51,23%) contra 84.475 votos (48,77%) da chapa de João Gomes.
- Nas eleições de 2020, a chapa Roberto Naves (PP)/Márcio Cândido venceu o primeiro turno com 82.139 votos (46,64%). A chapa puro sangue do PT, Antônio Gomide/Professora Geli ficou em segundo, com 50.843 votos (28,87%).
- No segundo turno, a chapa de Roberto Naves obteve 101.349 votos (61,28%) e cravou mais uma vitória. A chapa de Gomide obteve 64.046 votos (38,72%).
- E, agora, em 2024, como será…?