A moeda física, representada por cédulas e moedas, desempenha um papel fundamental na economia brasileira. Mesmo com o crescimento das alternativas digitais, como o PIX (Pagamento Instantâneo Brasileiro), dúvidas sobre sua obrigatoriedade continuam frequentes. Questões relacionadas ao impacto das transferências instantâneas, aos descontos previstos no Código de Defesa do Consumidor (CDC) para pagamentos em dinheiro e ao projeto de lei que pode modificar essa exigência têm gerado debates significativos.
No Brasil, a moeda física possui curso forçado, o que significa que deve ser aceita como forma de pagamento, conforme estabelecido por Leis e normas do Banco Central do Brasil – BACEN. Apesar disso, muitos estabelecimentos têm preferência pelos meios digitais devido à praticidade, maior controle financeiro e segurança que oferecem. Contudo, tal prática só é permitida quando previamente acordada com o consumidor, garantindo a não prejudicialidade.
Desde sua introdução em 2020, o PIX revolucionou o sistema de pagamentos no país. O PIX possibilita transferências rápidas, gratuitas e disponíveis 24 horas por dia, sete dias por semana, tendo conquistado a adesão de mais de 70% da população. Apesar de sua popularidade crescente, o acesso desigual a dispositivos e à internet faz que a moeda física permaneça indispensável, especialmente para populações vulneráveis que enfrentam limitações tecnológicas e/ou financeiras.
O CDC estabelece que o dinheiro não pode ser recusado como forma de pagamento e permite que os comerciantes ofereçam descontos para pagamentos à vista, inclusive em espécie. Esses descontos representam uma vantagem importante para pequenos empresários que buscam evitar as taxas cobradas pelas operadoras de cartões. Contudo, a concessão desse benefício deve ser informada de forma clara e prévia ao consumidor para garantir a transparência nas relações comerciais.
Um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional propõe flexibilizar a obrigatoriedade de aceitar moeda física. Ele busca modernizar a economia, permitindo que estabelecimentos adotem exclusivamente meios digitais. Apesar disso, a proposta enfrenta críticas, já que poderia acentuar a exclusão financeira de indivíduos que não possuem acesso a tecnologias. Por outro lado, defensores argumentam que a medida reduziria custos operacionais e reflete o progresso natural das práticas econômicas.
Essa discussão destaca desafios ligados à inclusão social e à segurança econômica. Embora os meios digitais reduzam os riscos associados ao manuseio de dinheiro físico, também aumentam a exposição a crimes cibernéticos. Assim, é essencial que a modernização seja acompanhada por políticas públicas voltadas à educação financeira e inclusão digital.
Por ora, a moeda física permanece obrigatória no Brasil, servindo como base fundamental para populações vulneráveis e pequenos negócios. O equilíbrio entre modernização e inclusão será decisivo para determinar o futuro das transações econômicas no país.