Tenho uma mania. Mentira, tenho várias. Mas uma delas serve para começar a falar sobre um assunto importante. Não sei aonde aprendi esta mania, defeito ou virtude, mas a tal é a seguinte: tenho facilidade em imitar as pessoas. Não como um imitador, mas pegar peculiaridades delas. Com o tempo, fui aprendendo a selecionar. Vejo as ruins, as feias, as inúteis, mas não dou frente. Pego o que é bom. A última que peguei foi a de contar aos outros as coisas óbvias que estão diante de nossos olhos e, mesmo assim, não as vemos. Vemos, mas não damos a ela a dimensão exata do objeto, sim, visto.
De tanto receber ligações de um amigo me dizendo: “Você já viu o dia lindo que faz hoje? Não? Então veja e bom dia”, para, na seqüência, desligar o telefone de alegre supetão, eu também agora estou com esse “tique”. Ligo, aviso via internet, falo pessoalmente. Quando o sol descortina a escuridão, desvirginando a manhã, com um céu invejosamente azul, o sol iluminando as coisas lindas ao nosso redor e tornando as feias até toleráveis, eu faço duas coisas: paro alguns segundos e me aviso de como é bom poder viver e sentir este dia e, na seqüência, vou repetindo a mesma coisa a quem encontro. Custa nada. E as pessoas param, nem que por instantes, para observar.
Fazendo isto, o máximo que pode me acontecer é acharem que opção a. eu estou meio maluco ou opção b. que eu estou apaixonado. Ou num conluio das duas coisas, que estou louco de paixão, o que, permitam-me dizer, seria sorte demais. Mas nada disto.
E do que serve esta historieta toda? A primeira serventia dela é que você precisa, de fato, dar-se a observar a vida que está ao seu redor. Não somente enxergar, mas ver dando a dimensão de importância àquilo que se enxerga. Ver como é inigualavelmente linda a dádiva da vida. Se você quiser rir, agradecer a Deus ou a Shiva, abrir um champagne ou simplesmente contemplar, faça. Mas não deixe de admirar a obra misteriosa que se deslinda à sua frente.
Por fim, vá além. Contemple aquele dia, este, como um presente, porque não é o que ele parece, mas sim o que ele é. O dia que diariamente se inaugura se mostra a você como uma chance. É a sua oportunidade de ser feliz, de conseguir ter amor, dinheiro, felicidade, a solução para um problema sem saída. Toda vez que o mesmo dia se renova no céu, como se fosse um dia que nunca existiu, isto é um recado.
Ele nos diz que assim como o dia, também nos reinauguramos e temos a chance de inaugurarmos novamente a vida e recomeçar. Os problemas sem solução, os desafios intransponíveis também se reinauguram e, acredite, pode ser que justamente nesta nova inauguração diária eles não sejam tão impossíveis assim. O dia amanhece, se e nos renova, e joga a dica: as possibilidades do mundo estão abertas para nós. Totalmente abertas de novo como uma nova novidade. Depende da gente enxergar ou não. Não se iluda: é fácil assim mesmo. Basta ver do jeito certo. Tente. Não vai custar nada.
Profissão em alta: Diretor de Felicidade
Samuel Vieira É… quem diria. A felicidade tem sido algo tão escasso, a insatisfação, estresse e descontentamento tão presentes, que...