A sucessão patrimonial e empresarial quando não planejada, pode gerar conflitos que afetam tanto a preservação do patrimônio quanto a continuidade dos negócios familiares. A ausência de regras claras e instrumentos jurídicos adequados abre espaço para disputas judiciais e compromete a harmonia entre os herdeiros, já fragilizados pelo próprio luto.
Um dos principais pontos de conflito é a divisão do patrimônio. Sem diretrizes previamente estabelecidas, a partilha pode se tornar um processo longo e litigioso, marcado por divergências sobre avaliação de bens, critérios de distribuição e tratamento de herdeiros em situações específicas, que afetará o convívio familiar. A falta de clareza pode gerar percepções de desigualdade e alimentar disputas que, em muitos casos, termina na judicialização, dilapidando o próprio patrimônio com custas, honorários e longo período no judiciário.
É necessário considerar, ainda, os custos com inventários e a disponibilidade financeira dos herdeiros em arcar com esses custos, o que pode levar à necessidade de venda de parte do patrimônio para realizar a sucessão.
Outro aspecto relevante diz respeito às diferenças de visão entre os sucessores. Em empresas familiares, é comum que alguns herdeiros desejem assumir a condução dos negócios, enquanto outros preferem apenas usufruir dos dividendos, ou até mesmo, alienar sua participação. Sem mecanismos prévios, como um acordo de sócios ou um protocolo familiar, esses conflitos podem comprometer a gestão estratégica, gerar paralisações em decisões essenciais e prejudicar a competitividade da empresa no mercado.
Além dos impactos financeiros e de gestão, uma sucessão não planejada frequentemente desencadeia rupturas do núcleo familiar. Relações antes saudáveis podem se deteriorar, transformando herdeiros em litigantes e reduzindo a coesão que sustenta tanto a família quanto os negócios. O prejuízo emocional, nesses casos, costuma ser tão expressivo quanto o econômico.
O planejamento da sucessão mostra-se indispensável para mitigar riscos. Por meio de instrumentos jurídicos como testamentos, acordos de sócios e protocolos familiares, por exemplo, é possível estabelecer regras claras, garantindo a equidade e proporcionando maior segurança jurídica. Mais do que preservar o patrimônio, o planejamento assegura a continuidade dos negócios e a manutenção da harmonia familiar, fazendo com que o legado construído não se perca em disputas internas.
É importante lembrar que cada planejamento sucessório é único, variando conforme a realidade patrimonial e objetivos de cada família. Além disso, nem todo planejamento implica em antecipação da sucessão. Em muitos casos, trata-se apenas de estabelecer diretrizes claras para que a transmissão ocorra de forma organizada no futuro, preservando a vontade do titular e prevenindo litígios. Assim, o planejamento pode ser constituído de maneira gradual, respeitando o tempo da família e garantindo que as decisões sejam tomadas de forma estratégica, sem comprometer a autonomia ou a gestão atual do patrimônio.
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