As Olimpíadas de Tóquio tiveram início. A delegação verde e amarela conta com mais de 300 atletas e, dentre eles, um já tem deixado a cidade de Anápolis orgulhosa. Leonardo Dutra, ou Léo Dutra, é nascido no município e está presente em terras nipônicas, onde disputará seu primeiro torneio olímpico. E a estreia acontece nesta quarta, dia 23, quando a Seleção Brasileira de handebol encara a Noruega, às 21h.
Alcançar um dos maiores feitos dentro do esporte aos 25 anos é surreal, mas podemos afirmar que o handebol já estava em seu sangue. Sua mãe, Kenia Ferreira disputava a modalidade pelo Handebol Desportivo de Anápolis (Handesfa) quando seu filho ainda era jovem. Aos oito anos, Leonardo passou a acompanhar os treinos e ganhou uma bola. Não demorou para que o garoto se interessasse pelo esporte.
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Sob tutela do treinador Davi José Alecrim, o talento do jovem foi apurando para o handebol. Posteriormente a aposentadoria do professor, Sônia Alecrim seguiu moldando o futuro craque. A técnica do Handesfa tinha plena consciência de sua dedicação e qualidade. Dos 12 aos 18 anos, Léo Dutra foi campeão goiano em seis anos consecutivos, além de garimpar as primeiras convocações para as seleções de base do handebol.

“Sempre dissemos que ele tinha talento e seria questão de tempo e oportunidade para chegar a seleção. Não foi fácil, como todos os esportes em Anápolis, a falta de apoio é grande. Depois de ser campeão goiano nas categorias Infantil, cadete e juvenil. Nós, como técnicos, chegamos a conclusão que ele precisava buscar novas oportunidades”,
Sônia Alecrim, ex-treinadora do Handesfa
Um passo de cada vez
Ciente que teria de dar o próximo passo, Leonardo passou pelo tradicional Clube Português, de Recife. De lá, foi para o Pinheiros, de São Paulo, onde despontou como um dos destaques da equipe campeã paulista, brasileira e sul-americana. Com muito talento, não tardou para migrar ao handebol europeu, o mais competitivo do planeta.
Léo Dutra foi para a Espanha, mais precisamente para a cidade de Cuenca, reforçar o Ciudad Encantada. Junto do também brasileiro Thiago Ponciano (que também integra a equipe em Tóquio), sua adaptação foi rápida. Ao longo das três temporadas com o clube, empilhou mais de 500 gols e mostrou seu poderio ofensivo.
As boas campanhas com a equipe espanhola credenciaram o anapolino para disputar o Pan-Americano de Lima, em 2019. No entanto, a participação brasileira no handebol não correspondeu as expectativas, terminando com a medalha de bronze e sem a vaga direta para as Olimpíadas.
O espaço do handebol brasileiro em Tóquio foi conquistado em março, no Pré-Olímpico de Montenegro. E o roteiro foi o melhor possível para a Seleção: final diante do Chile, algoz no Pan, e em desvantagem de seis gols no intervalo. No último tempo, o Brasil virou a partida e carimbou a vaga para as Olimpíadas. Detalhe, com cinco gols do artilheiro Léo Dutra, que cravou sua vaga em meio aos convocados dias depois.

“Torço muito por ele, que além de um atleta magnífico é um grande amigo. Espero que seja uma Olimpíada especial e que represente nosso país e nossa cidade com brilhantismo. Anápolis e nosso estado precisam ter políticas esportivas mais eficientes, que possibilitem o surgimento de novos atletas olímpicos”
Sônia Alecrim, ex-treinadora do Handesfa
Agora, o foco para Léo é gerar o mesmo impacto nos Jogos Olímpicos. O Brasil, no handebol, pode não ser um dos favoritos, mas com certeza detém muita garra e talento. Que a jornada do anapolino Leonardo Dutra siga a passos longos no esporte e que a estreia, nessa caminhada, comece com o pé direito.
Ficha técnica – Leonardo Dutra
Nascimento: Anápolis/GO
Idade: 25 anos (29/03/1996)
Altura: 183cm
Peso: 94kg
Clubes: Handesfa (GO); Clube Português (PE); Pinheiros (SP); Ciudad Encantanda/Espanha; Wisla Pock/Polônia e La Rioja/Espanha
Posição: Lateral-esquerdo