Mesmo a milhares e milhares de quilômetros distantes do conflito que se prolonga por quase um mês entre Ucrânia e Rússia, é possível imaginar a dor, o sofrimento e a angústia por que passam milhões de seres humanos, em meio ao pavor e ao terror de uma guerra real. Muito diferente do que se vê em filmes e outros projetos de ficção. Os mais interessados têm uma noção do que foram as duas guerras mundiais. Os contemporâneos, ainda, têm na memória as guerras mais recentes, como a do Vietnam; do Golfo Pérsico; do Afeganistão da Croácia e outras, quando as vidas, também, foram ceifadas ao sabor dos comandantes que ficaram em seus gabinetes luxuosos e não foram para o front experimentarem o que seja, de fato, um conflito armado. E, lembrar que, além da guerra Rússia/Ucrânia, vários outros (oito ou, nove) conflitos sangrentos se acham em andamento, ultimamente, pelo mundo.
A diferença é que, nas outras batalhas, não há o fantasma das armas nucleares, dos poderosos exércitos, da enorme estrutura bélica de uma Rússia, por exemplo. Por conta disso, os resultados de tal conflito são inimagináveis. Podem encaminhar para uma catástrofe sem precedentes na humanidade. A televisão e a internet mostram, diariamente, que o medo e a preocupação estão nas praças, estações de trem, escolas, ginásios e outros espaços adaptados para acolherem multidões de ucranianos que chegam, todos os dias, com um objetivo em mente: cruzarem a fronteira e se refugiarem num país vizinho e, em um segundo momento, fugirem para bem longe, mesmo que tenham de recomeçar a vida em outra dimensão, com outros costumes, com outros idiomas, com outras culturas.
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Mas, para essas pessoas, o importante é a sobrevivência é a manutenção da vida. E, lá, como todos os homens entre 18 e 60 anos foram convocados para a defesa, as imensas filas de fugitivos são compostas quase que só de mulheres, crianças e idosos. Nas estações de trem e nos pontos de partida, pais, em lágrimas, se postam nas janelas até o último minuto para dar o doloroso adeus à família dilacerada. Muitos deles nem sabem se, um dia, vão encontrarem-se com esses filhos, com as esposas, com os irmãos. Em grande parte, isto, de fato, jamais acontecerá. O mesmo se pode dizer da dor de uma mãe que se despede do filho, de uma esposa que se separa do marido, que vai embora levando o coração cheio de incertezas, de insegurança, de sonhos desfeitos.
Devido à impossibilidade de se sepultarem os mortos em um funeral digno, valas comuns são abertas em cemitérios improvisados, onde dezenas de corpos de civis e soldados são lançados, todos os dias, sem cerimônia. Este é o retrato da guerra. Mesmo assim, os governos, em geral, continuam insensíveis e em nome de ideologias, religiões, filosofias e outros procedimentos, continuam a matar seus semelhantes, gente, em muitos dos casos, da mesma etnia, da mesma raiz e da mesma proposta de vida. Mundo cruel…