Curso para operar o moderno supersônico foi ministrado pelo Esquadrão Phoenix da Força Aérea Sueca. Militares do 1º GDA da Base Aérea de Anápolis trazem relatos sobre a experiência
A revista Aerovisão, publicação oficial da Força Aérea Brasileira, produzida pela Agência Força Aérea, ligada ao Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, traz em sua última edição uma reportagem especial assinada pela tenente jornalista Gabrielle Varela, destacando a formação do último grupo de pilotos que concluiu com sucesso o rigoroso treinamento para voar o novo caça F-39 Gripen.
Dividido em duas etapas, o curso para operar o moderno supersônico foi ministrado pelo Esquadrão Phoenix da Força Aérea Sueca, no Gripen Centre, na F 7 Wing, em Såtenäs, região oeste da Suécia.
A primeira etapa foi o Conversion Training, que durou 11 semanas e 50 voos por piloto, sendo a operação básica do caça tanto em missões isoladas quanto em formação, nos períodos diurnos e noturnos.
Já o Combat Readiness Training envolveu 25 voos em aproximadamente nove semanas, quando foram exploradas as capacidades de combate ar-ar do caça com o emprego dos mísseis, do canhão e da utilização da interface homem-máquina, um dos principais destaques do Gripen.
O Capitão Aviador Rafael Rodrigo Mancin de Morais, do Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA) – Esquadrão Jaguar, participou do curso preparatório para pilotar o Gripen e detalhou essa experiência que o fez aprender muito.
“Acredito que os sentimentos de realização profissional e responsabilidade se misturam. O sistema Gripen exige que o piloto esteja preparado para operar a aeronave em sua plena capacidade. Assim, precisamos estar diariamente estudando, entendendo cada um destes sistemas e nos preparando física e mentalmente para os voos. É um processo contínuo e diário que envolve satisfação e responsabilidade pela importância que tem para a FAB e para o país”, disse o Capitão Morais.
Para o Capitão Aviador Gregor Gaspar, voar o caça sueco foi uma experiência marcante.
“Tivemos a oportunidade de voar com os pilotos de Gripen mais experientes do mundo, alguns, inclusive, responsáveis pela implantação do Sistema Gripen na Suécia nos anos 1990. Pudemos aprender muito com eles e, assim, adaptarmos essa doutrina às necessidades da nossa nação. E isso não se trata apenas de como voá-lo, mas sim de como operá-lo em sua plenitude”, descreveu o piloto do Esquadrão Jaguar.
Da Força Aérea Brasileira, 17 pilotos já foram instruídos no centro de treinamento sueco, entre eles: o atual Comandante do 1º GDA, Tenente-Coronel Aviador Gustavo de Oliveira Pascotto e o Tenente-Coronel Aviador Ramon Lincoln Santos Fórneas, ainda como Capitães, em 2014.
Na sequência, foi a vez de três pilotos de testes do Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV), sendo o Tenente-Coronel Aviador Cristiano de Oliveira Peres, ainda no posto de Major, o primeiro brasileiro a voar o Gripen E, fechando, agora, em 2023, com as três turmas de quatro pilotos operacionais cada.
A partir de agora, os pilotos, já devidamente capacitados, começam a aplicar a conversão da aeronave JAS-39C/D para a F-39E, e tem início com uma fase teórica e de simuladores para, então, posteriormente, fazerem os primeiros voos de adaptação à aeronave.
Ao fim, realizarão uma fase avançada na qual aprenderão sobre as diferenças dos novos sensores e armamentos que serão empregados para a efetiva utilização do Gripen pela FAB.
“Em paralelo a esse processo, temos o desafio de desenvolvermos e consolidarmos a doutrina operacional desse vetor”, finalizou o Capitão Gaspar. (Com informações da revista Aerovisão- Agência Força Aérea de Notícias)
1º GDA, berço de pilotos da aviação de caça brasileira
Foi uma época diferente, aeronaves diferentes, países diferentes e uma coisa em comum: formar um time de pilotos de excelência para a missão de levar à cabo o lema da Força Aérea Brasileira: “Asas que protegem o País”.
Com as diferenças já citadas, a formação da nova geração de pilotos de caça, que agora estão qualificados para operacionar os modernos caças F-39 Gripen, de fabricação sueca, remete à história dos Djon Boys e da própria história da Base Aérea de Anápolis.
Para abrigar os aviões de caça supersônicos Mirage da Marcel Dassault, a Força Aérea decidiu pela construção da Base Aérea em Anápolis, a 130 quilômetros de Brasília, a Capital Federal. O Núcleo da 1ª. Ala de Defesa Aérea foi ativado em 30 de outubro de 1972, em solenidade que contou com a presença de vários oficiais da Força Aérea, do então Governador Leonino Caiado e do então Prefeito Henrique Santillo. Em 11 de abril de 1979, foi criado por meio do Decreto Presidencial Reservado nº 04, o 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA), oriundo da 1ª. ALADA.
O primeiro Mirage brasileiro voou em 06 de março de 1972, em Bordeaux-França, já ostentando o cocar (emblema) da Força Aérea Brasileira.
Em 23 de maio de 1972, embarcaram para a Base Aérea de Djon, França, oito pilotos brasileiros para treinamento nas aeronaves então adquiridas pelo País, para missões de defesa aérea.
Esses pilotos pioneiros ficaram conhecidos como os Djon Boys. Eram eles: Cel. Aviador Antonio Henrique Alves dos Santos; Ten. Cel. Av. Jorge Frederico Bins; Ten. Cel. Av. Ivan Moacyr da Frota; Mj. Av. Ronald Eduardo Jaeckel; Mj. Av. Ivan Von Trompowski Douat Taulois; Mj. Av. Lúcio Starling de Carvalho; Mj. Av. Thomas Anthony Blower e o Cap. Av. José Isaías Vilaça.
O primeiro Mirage chegou ao País, a bordo de um avião C-130, que pousou na BAAN no dia 1º de outubro de 1972. O primeiro voo no Brasil foi realizado no dia 27 de março de 1973 por Pierre Varraut, piloto de provas da Marcel Dassault.
O primeiro voo militar foi realizado sobre a Capital Federal em 06 de abril de 1973, com seis aeronaves em formação, liderada pelo Jaguar 01, Cel. Av. Antonio Henrique, um dos Djon Boys.
