O Partido Liberal, legenda que abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro, principal liderança da direita no país, está mergulhado em uma crise. E uma crise exposta entre suas principais lideranças em Goiás.
A motivação dessa crise foi uma visita do vice-governador Daniel Vilela, que é presidente regional do MDB e virtual candidato ao Governo de Goiás, em 2026, a Bolsonaro, capitaneada pelo vereador eleito em Goiânia, Major Vitor Hugo.
A ação sofreu uma reprimenda do PL goiano, presidido pelo senador Wilder Morais, que emitiu uma “Nota de Repúdio”, sobre a articulação feita por Vitor Hugo “de aproximar a sigla ao projeto do atual vice-governador e pré-candidato a governador, Daniel Vilela, do MDB, partido que atualmente integra a base do Governo Lula”.
A referida nota aponta que o partido “não autorizou o filiado a estabelecer diálogos com seus adversários em âmbito estadual, visto que é de conhecimento público que o PL terá candidato próprio a governador nas próximas eleições”.
A nota não traz, mas o pré-candidato do partido seria o próprio presidente regional, Wilder Morais.
A ação do major Vitor Hugo também teve manifestação de contrariedade por parte do deputado estadual Fred Rodrigues, que foi candidato pela legenda à Prefeitura de Goiânia, no pleito de outubro último.
Num vídeo gravado em suas redes sociais, Fred Rodrigues começa dizendo que a direita em Goiás “tem de amadurecer, mas amadurecer de verdade” e, ainda, fala que tem muita gente que fala da união da direita, “mas a união é só da boca para fora”.
Ele falou sobre a nota do PL sobre o Major Vitor Hugo levar até o ex-presidente Jair Bolsonaro “um adversário nosso e apresentá-lo como alternativa para o PL apoiar como candidato ao Governo do Estado, em 2026”.
O deputado diz que o partido já tem um pré-candidato, que é o senador Wilder Morais. Ele disse nada ter contra a pessoa de Daniel Vilela que, apesar de adversário, sempre o tratou com respeito e não o atacou na sua campanha à Prefeitura de Goiânia. “Mas não é o candidato do nosso partido, é o candidato do MDB”. E que esse pré-candidato terá apoio do grupo que foi adversário na campanha.
Embora não citando, ele deixa nas entrelinhas que o grupo é o do governador Ronaldo Caiado e do prefeito eleito de Goiânia, Sando Mabel, recentemente alvos de uma decisão da Justiça, em primeira instância, que resultou na ilegibilidade de Caiado por oito anos e a cassação do registro da chapa de Mabel. Essa ação está em recurso, o que não deve impedir a posse do prefeito eleito.
Na sua linha de raciocínio, Fred Rodrigues afirma que a união da direita deve começar dentro do partido “e não trazendo um adversário de fora”.
O também deputado estadual delegado Eduardo Prado, jogou mais lenha na fogueira ao postar um comentário no vídeo de Fred Rodrigues. Ele disse que o MDB e o União Brasil “uniram-se ao PT, PSOL, PV, PC do B e ingressaram com ação eleitoral para cassar todos os deputados estaduais do PL e arrebentar o partido em Goiás”. E continua: “chega a ser absurdo, ou até mesmo insano, aliança do PL com quem está querendo nos destruir”.
Também pelas redes sociais, o vereador eleito Major Vitor Hugo disse estar triste por “ver essa energia sendo gasta comigo, quando o inimigo comum, a esquerda, deve estar festejando esse show de horrores e nossos eleitores, certamente, envergonhados da nota e de seus desdobramentos”.
Ele afirmou nunca ter visto algo assim, já que a nota foi publicada pelo PL regional, pelo PL Mulher regional, pelo PL de Goiânia, além de várias lideranças, como o próprio Wilder e o deputado federal Gustavo Gayer. E que não viu isso contra o governo do PT, contra o aumento do dólar. E, inclusive, levantou porque o PL goiano não se manifestou no caso da prisão do general Braga Neto e nem sobre a anulação da condenação do petista José Dirceu, um potencial adversário do PL para as eleições de 2026.
O vice-governador Daniel Vilela (MDB), da mesma forma, manifestou-se em um vídeo nas redes sociais, no qual ele afirma estar assustado com a repercussão que teve a sua visita ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi seu colega na Câmara Federal.
Daniel disse que foram tratados assuntos fora da política e, claro, também dentro da política, mas sem implicar em uma busca de apoio a provável candidatura. Ele considera que é natural lideranças partidárias estarem conversando.
Na sua fala, ele manifesta apoio ao Major Vitor Hugo e cita que ele foi peça fundamental para sacramentar a ida do prefeito eleito de Anápolis, Márcio Corrêa, ao PL. E pontuou que o MDB e o PL poderiam ter construído um diálogo. “Poderíamos com o PL e ter comemorado vitórias juntos”.
“O que fizemos [a visita a Bolsonaro] foi algo corriqueiro”, minimizou Vilela.
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